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Após cana, Odebrecht terá frango em Angola

Grupo produz açúcar para consumidor angolano com parceiros locais e começa a erguer projeto de aves neste ano

Empresa pede a governo angolano que sobretaxe açúcar brasileiro para assegurar espaço para seu novo produto

TATIANA FREITAS ENVIADA ESPECIAL A ANGOLA

"Estamos negociando com o governo a colocação de uma sobretaxa para o açúcar brasileiro. Essa proteção é importante para nos dar competitividadecarlos mathiasdiretor-geral da Biocom

Com 30 anos de Angola, a Odebrecht inicia uma nova fase no país africano. Após décadas dedicadas a obras de infraestrutura, o grupo agora foca também no agronegócio.

Na semana passada, a Odebrecht Angola começou a operar, junto com dois parceiros locais, a primeira usina de cana do país, dedicada à produção de açúcar para o mercado angolano.

Com capacidade de processamento de 2,2 milhões de toneladas de cana, a usina é apenas o primeiro projeto agroindustrial da empresa em Angola. Até o final deste ano, ela começa a erguer um complexo para a produção de carne de frango --um projeto inédito para o grupo, que no Brasil já atua em cana.

O plantio de grãos e feijão também é avaliado pela Biocom, empresa que construiu e opera a usina, com 40% de participação da Odebrecht.

"A África tem uma dependência alimentar muito grande e um potencial fantástico, mas a produção é muito baixa", diz Carlos Mathias, diretor-geral da Biocom. "Dificilmente vamos entrar em Angola como plataforma exportadora. Não tenho como competir em preço com o Brasil."

A concorrência brasileira preocupa a Biocom até em Angola. "Estamos negociando com o governo a colocação de uma sobretaxa para o açúcar brasileiro. Essa proteção é importante para nos dar competitividade", afirma.

Sem produção local, hoje Angola importa 100% do açúcar que consome. Cerca de 80% é fornecido pelo Brasil, que no ano passado enviou 355 mil toneladas ao país, ou 1,3% do total exportado.

Apesar de possuir nove usinas no Brasil, a Odebrecht não é uma grande exportadora de açúcar. A maioria de seus projetos no país é dedicada à produção de etanol.

DESAFIOS

Em Angola, que saiu há 12 anos de uma guerra civil, a Odebrecht tem desafios logísticos, de produtividade e de custo. O país é considerado um dos mais caros do globo.

"Se no Brasil qualquer coisa custa R$ 1, aqui custa US$ 1", disse Mathias, que evitou revelar o custo de produção.

A vantagem da usina é a área onde está localizada, concedida pelo governo angolano. A cana está sendo cultivada em 37 mil hectares ao lado da indústria, o que reduz custos com transporte.

O projeto faz parte do polo agroindustrial de Capanda, na província de Malanje, no norte do país. É lá onde também será instalado o projeto integrado de frango (produção de grãos, ração, engorda e abate das aves) e onde já produzem grãos um grupo chinês e outro espanhol.

A área é administrada pela Sodepac, órgão ligado ao governo que define quem poderá se instalar no polo. Em Angola, toda a terra é propriedade do governo, que cede o uso durante o prazo de até 65 anos, renováveis.

A terra e o clima são semelhantes aos do Cerrado brasileiro, mas o rendimento é baixo: 61 toneladas por hectare. Em 13/14, o rendimento em São Paulo foi de 83 toneladas. A empresa espera chegar a 70 toneladas em dez anos.

Nesta safra, a Biocom processará 160 mil toneladas de cana, esperando chegar a 2,2 milhões na safra 19/20, quando atingirá a maturidade. Nessa mesma temporada, serão produzidas 256 mil toneladas de açúcar, equivalente a 70% do consumo local.

No mesmo ano, a produção de etanol atingirá 28 milhões de litros. "Estamos avaliando a produção de álcool para uso da indústria local. Mas, neste primeiro momento, o etanol será vendido para mistura à gasolina", diz Mathias.

Em 2015, o governo angolano deve definir um percentual de mistura do etanol à gasolina. Apesar de ser exportador de petróleo bruto, Angola precisa importar combustíveis, devido à sua limitada capacidade de refino.

A geração de energia elétrica na usina, a partir da queima do bagaço da cana, será de 50 MW, dos quais 30 MW serão exportados para abastecer cidades vizinhas.

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folha.com/no1509258


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