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Fazenda diz que alta de juros foi fator que mais derrubou PIB

Estudo foi visto, por assessores presidenciais, como um recado para BC, às vésperas de nova decisão sobre Selic

BC, porém, sinaliza que manterá os juros em 11% ao ano até o fim de 2014 e que não seguirá calendário eleitoral

VALDO CRUZ DE BRASÍLIA

Às vésperas da reunião em que o Banco Central deve manter inalterada a taxa de juros, o Ministério da Fazenda fez um estudo no qual calcula que o recente ciclo de alta dos juros foi responsável por um recuo de até um ponto percentual no desempenho da economia brasileira.

Dentre seis fatores, internos e externos, analisados pela Fazenda, a alta de juros foi a que mais reduziu o crescimento brasileiro, segundo os cálculos do ministério.

O estudo foi visto, dentro do governo e por analistas, como um recado ao BC.

Assessores presidenciais questionam se o ciclo de alta dos juros, que dizem ter sido necessário e bem-sucedido, não foi numa dose exagerada para combater uma inflação concentrada em alimentos, por causa da seca.

O BC, porém, segue sinalizando que manterá os juros em 11% ao ano pelo menos até o final de 2014 e que não irá seguir o calendário eleitoral em suas decisões.

O banco entende que o nível atual da taxa Selic é adequado para um cenário de alta dos juros nos EUA, que deve acontecer mais cedo do que o previsto pelo mercado.

No início do ano, setores do governo defendiam que o BC suspendesse o ciclo de alta de juros, por temer um freio exagerado na economia.

O aperto monetário começou em abril de 2013, quando a taxa passou de 7,25% para 7,5%, e foi até abril de 2014, quando atingiu 11% ao ano. Desde maio, o BC sinaliza que a taxa ficará inalterada.

O estudo da Fazenda também seria uma resposta a críticas de que a política econômica atual teria gerado inflação alta e economia estagnada. Para técnicos da Fazenda, o cálculo mostra a eficácia da política, que segurou o ritmo do país para combater uma inflação alta.

A dúvida, destacam, é sobre a dose.

Na semana passada, o IBGE divulgou que o PIB brasileiro retraiu-se nos dois primeiros trimestres deste ano (-0,2% e -0,6%), dado negativo para um ano eleitoral.

A queda do PIB, no entanto, não foi suficiente para derrubar a inflação. As taxas mensais estão recuando, mas, no acumulado em 12 meses, a inflação ainda está acima de 6% --o centro da meta perseguida pelo BC é de 4,5%.

OS CÁLCULOS

A Fazenda estimou que a alta dos juros foi responsável por uma perda de 0,7 a 1 ponto percentual no desempenho da economia entre "meados de 2013" e este ano. Outro impacto calculado foi o dos feriados da Copa, que roubaram cerca de 0,6 ponto percentual do desempenho.

Em relação à crise mundial, o ministério avaliou que a decisão do Fed (banco central dos Estados Unidos) de retirar os estímulos à economia americana contribui para reduzir o PIB nacional em 0,7 ponto percentual.

A frustração do crescimento mundial tem um peso negativo de 0,35 ponto percentual. Já a crise argentina, que derrubou as exportações do Brasil para o país vizinho em 22,6% no primeiro semestre, contribui negativamente em 0,23 ponto percentual.

Nas contas do ministério, os fatores externos contribuem negativamente em cerca de um ponto percentual, já que alguns dos três efeitos têm relação entre si.


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