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Entrevista - Eike Batista

Voltar à classe média é um baque gigantesco

Empresário afirma que ainda deve US$ 1 bilhão, mas que suas empresas vão gerar valor e ajudá-lo a recuperar recursos

SAMANTHA LIMA DO RIO

De sétimo homem mais rico do mundo, o empresário Eike Batista diz estar sendo um "baque gigantesco na família" voltar à classe média em que nasceu.

Seu patrimônio, estimado em US$ 30 bilhões, em 2012, foi reduzido, segundo suas contas, a US$ 1 bilhão negativo. Esse é o débito que ainda lhe sobra caso vendesse todas as ações das empresas Ogpar, OSX, MMX (das quais ainda é controlador), além da Prumo (ex-LLX) e Eneva (ex-MMX), ambas vendidas, respectivamente, aos grupos EIG, dos EUA, e E.On, alemão.

Eike, que tinha um jato Gulfstream, um Phenom e um Legacy, ficou apenas com o primeiro, além de ter vendido cinco dos seis helicópteros que possuía.

Ele continua morando em uma mansão no Jardim Botânico, no Rio, avaliada em R$ 10 milhões e que foi passada para o nome do filho Thor.

Depois de mais um ano sem dar entrevistas, Eike, que parecia mais magro --porém sem sinais de abatimento-- e estava sorridente e amável, decidiu falar, 24 horas depois de a Justiça ter decretado o bloqueio de suas contas, nas quais havia R$ 117 milhões.

Folha - Como se dorme devendo US$ 1 bilhão?
Eike Batista - Eu enxergo que vamos criar muito valor, e que vai ter um encontro de contas lá na frente que vai permitir saldar as dívidas.

Mas com qual receita o sr. vai pagar essa dívida?
Já se foi todo o meu caixa, agora tem as ações, que vão se valorizar. Como tenho dívida negociada com os credores no prazo de dez anos, estou trabalhando para que se crie mais valor e, se Deus quiser, em cinco ou dez anos, sobrará algo pra mim. Hoje sou um administrador de ativos que entraram nesse rolo compressor.

Como o senhor recebeu as denúncias do MPF, do juiz determinando o bloqueio?
Não cabe a mim opinar sobre a Justiça. Quem tem que opinar é o dr. Sérgio [Bermudes, advogado].

O senhor tem medo de ser julgado e eventualmente preso?
[Bermudes responde: "Isso foge do tema. Não há possibilidade de prisão no caso".]

Em relação à transferência de bens para sua família recentemente, não se preocupou com uma possível acusação de tentar ocultar bens?
Não. É questão de planejamento familiar, dividir seus ativos com os filhos.

Mas por que naquele período?
Todo mundo faz. Você não faria? Acidentes acontecem toda hora.

O sr. disse que a origem da crise foi a OGX. De quem foi a responsabilidade pela sua crença no negócio?
Infelizmente o setor é assim, enquanto não produzir, você não sabe.
A CVM disse que houve excesso de otimismo nos fatos relevantes divulgados pela OGX entre 2009 e 2012.
Os dados mostravam aquilo; o que você vai fazer?

Quando vendeu as ações da OGX antes de divulgar fatos ruins, não temeu ser acusado de "insider trading"?
As ações não eram minhas. Estavam no meu nome, mas eram de credores. Tinha que acertar uma dívida gigantesca. É preciso ter dinheiro para pagar essas contas.

O sr. acha que as empresas ainda são viáveis?
Talvez não a MMX por causa do preço do minério.

O sr. tem recursos lá fora?
Não. Não sei se tem alguém mais transparente do que eu. Tudo pertence aos bancos.

Não se incomoda com a ira dos investidores?
Muita gente ganhou também. Eu não me beneficiei de nada. Estou com minhas ações até hoje. Elas são lastro da minha dívida.

O que mudou na sua vida depois de tudo o que aconteceu?
Nasci como um jovem de classe média, e minha vida, sabe... você voltar para isso... é um negócio para mim... óbvio que é um baque gigantesco na família, e tudo isso na imprensa como aparece... Fiquei um ano parado para reestruturar tudo isso. Por isso, que a gente está falando, tá na hora de falar.


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