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Análise

Pesquisa mostra que Brasil de fato se tornou uma 'Belíndia'

MARCELO LEITE DE SÃO PAULO

A Pnad 2013 mostra que o Brasil de fato se tornou uma Belíndia. E, também, que ficará atolado nessa mescla iníqua por duas gerações, se não mais.

Como na Bélgica, todo mundo tem telefone (92,7% das casas). Como na Índia, muita gente ainda sobrevive sem coleta e muito menos tratamento de esgotos, em 23 milhões de domicílios.

Famílias pobres têm algo como quatro pessoas por habitação, em média. Isso daria mais de 90 milhões de pessoas, quase metade da população do país.

O Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab 2013) fixou que a rede de esgotos deve alcançar a cobertura da telefonia (93%) em 20 anos. Além disso, até 2033 seria preciso tratar todo o esgoto coletado (hoje o índice é de menos de 40%).

A julgar pela Pnad, a meta soa irreal. De 2001 a 2013, a taxa de atendimento para coleta de dejetos avançou 10,6 pontos percentuais.

Nesse ritmo de 0,88 ponto percentual ao ano, seriam necessárias mais de três décadas para chegar à cobertura de 93%, que nem chega a ser universalização.

Há mais razões para duvidar do cenário límpido desenhado pelo Plansab.

O plano estima em precisos R$ 508,4 bilhões os investimentos para cumprir os objetivos fixados. Desse valor, R$ 303 bilhões seriam só para água e esgotos.

Com o crescimento medíocre da economia, as crescentes restrições orçamentárias do governo federal (que responderia por 59% dos recursos) e os persistentes entraves à participação da iniciativa privada no setor, parece improvável que o dinheiro se materialize.

Além disso, continuam enormes as disparidades regionais. No Sudeste a universalização do esgotamento sanitário é até fácil, pois já parte de um índice de 88,6% de cobertura.

Na região Norte, contudo, quase tudo ainda está por fazer, porque apenas 19,3% estão conectadas à rede.

No presente, 43,1% das moradias já contam com computadores e acesso à internet, comodidades típicas do século 21.

Foram 2,9 pontos percentuais de avanço anual entre 2001 e 2013, mais que o triplo da taxa observada nas ligações de esgoto, uma infraestrutura que começou a ser instalada no século 19.

Ninguém duvida, a não ser talvez alguns "nerds", de que água e esgotos são serviços mais básicos e vitais que celulares e banda larga.

Mas, no segundo caso, sua obtenção depende mais dos particulares e da iniciativa privada, e não tanto do setor público.


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