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Metade da classe C diz ter perdido poder de compra

49% afirmam não conseguir adquirir hoje o que compravam há seis meses

Com endividamento acima da média e crédito menos farto, brasileiro de menor renda segura consumo

PEDRO SOARES LEONARDO SOUZA DO RIO JOANA CUNHA DE SÃO PAULO

Com inflação mais alta, crédito restrito, juros maiores e piora do mercado de trabalho, o consumo da classe C, que sustentou a economia nos últimos anos, perde o fôlego e tende a declinar ainda mais nos próximos meses.

Dados da CNC (Confederação Nacional do Comércio) e do Data Popular, levantados a pedido da Folha, sinalizam a desaceleração das compras nessa fatia da população e apontam maior endividamento das classes mais baixas, além de perspectiva de preços maiores e de um orçamento mais apertado.

Segundo o Data Popular, 49% dos entrevistados da classe C (subdivida em três subclasses, cujas rendas per capita variam de R$ 320 a R$ 1.120) afirmam que não conseguem comprar hoje o que adquiriam há seis meses.

Tal sentimento surge em meio à inflação mais elevada: 73% das pessoas ouvidas dizem crer que os preços vão aumentar nos seis meses a seguir. Ao mesmo tempo, há um otimismo quanto ao rendimento. Para 53%, a renda da classe C vai subir.

Renato Meirelles, presidente do Data Popular, afirma que a inflação, centrada em alimentos, corroeu a renda disponível das famílias para outros gastos, e a percepção é que essa situação irá perdurar.

"Sem dúvida, o consumo da classe C já não está no ritmo de outros anos e a perspectiva é que mantenha esse ritmo mais fraco."

Quanto menor a renda da família, mais endividada ela está e menos condições mostra para pagar suas dívidas. Dados da CNC apontam que 55,3% das famílias com rendimento de até cinco salários mínimos estavam endividadas, acima da média nacional de 49,4%. Para a faixa acima de dez salários, o percentual é menor: 34,6%.

Na faixa mais baixa, 17,5% das famílias têm contas em atraso e 6,9% se dizem sem condições para quitá-las. Esses percentuais estão acima da média de 13% e 5,2%, respectivamente. São maiores também para a classe de renda de mais de dez salários: 5,8% e 2,7%, nessa ordem.

DISTÂNCIA MAIOR

Para Marianne Hanson, da CNC, as famílias de menor rendimento sempre tiveram indicadores piores, mas a distância se alargou neste ano.

"Há uma piora em todos os indicadores de endividamento, mas mais acentuada para as faixas de mais baixa renda, que sentem mais a inflação, os juros maiores e a restrição do crédito."

Segundo o Banco Central, as concessões de todas as modalidades de crédito desaceleram, mas as mais usadas pela classe C foram mais afetadas. Os empréstimos com recursos livres (não direcionados, como para habitação) passaram de uma alta de 28,6% para uma expansão de 3,2% neste ano até julho.

Os dados do BC são nominais, ou seja, não consideram a inflação. Se descontada a alta de preços (em torno de 6,5% em 12 meses), o crédito mostra retração neste ano. Nos empréstimos consignados para beneficiários do INSS, no qual a maioria ganha até um salário mínimo, a expansão cedeu de 51,6% em 2013 para 15,7% neste ano.


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