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Economistas abrem versão de 'Casa das Garças' em SP

Centro de Debate de Políticas Públicas reúne nomes de linhagem ortodoxa

Associados lançam agenda econômica, mas não querem ser vinculados a nenhum dos partidos políticos

THAIS BILENKY MARIANA CARNEIRO DE SÃO PAULO

Uma casa na rua Ibiapinópolis, no Jardim Paulistano, já recebeu Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente pelo PSDB, Marina Silva, presidenciável pelo PSB, e Fernando Haddad, prefeito pelo PT. Na última sexta (19), foi a vez de um ex-integrante do Federal Reserve, o banco central americano, falar sobre a política monetária dos EUA.

É assim a nova rotina na Casa Ibiá, imóvel recuperado por iniciativa do empresário Marcos Lederman e que virou sede do CDPP. O Centro de Debate de Políticas Públicas é um "think-tank" (tanque de pessoas pensando, na tradução literal do inglês).

A arquitetura, a discrição dos integrantes e a linha de pensamento dos economistas faz com que o lugar se assemelhe à famosa Casa das Garças carioca. Enclave do debate econômico encrustado no Leblon, foi fundado por Edmar Bacha e Dionísio Dias Carneiro, saídos da PUC-Rio.

Pela época em que foi criada --em 2003, no fim da era FHC-- e pela associação dos seus fundadores com o governo do PSDB, a Casa das Garças acabou rotulada como "ninho tucano". O CDPP, enfatizam seus associados, quer ser apartidário.

Foi FHC quem fez a palestra inaugural da Casa Ibiá, no fim do ano passado. Na plateia, estavam ex-ministros de seu governo, como Pedro Malan e Celso Lafer, lembra-se um dos presentes.

Foi um dos eventos que mais encheram o auditório, que comporta 50 pessoas. Também foi assim na apresentação de Marina Silva sobre sustentabilidade, feita antes de ela se tornar candidata pelo PSB. Até filhos dos associados foram neste dia.

O CDPP tem hoje 40 sócios e um site. Lá aparecem nomes como os de José Berenguer, presidente do JP Morgan no Brasil, José Olympio Pereira, do Credit Suisse, e Pedro Moreira Salles, um dos acionistas do Itaú Unibanco.

Dirigido pelo ex-presidente do Banco Central Affonso Celso Pastore, um dos sócios-fundadores, o clube vive da contribuição dos membros e por enquanto não aceita patrocínios. "Meu sonho é um dia chegar em alguma coisa parecida com o Peterson Institute", diz Pastore.

Foi no renomado "think-tank" americano onde nasceu, nos anos 1990, o "Consenso de Washington" --um receituário de reformas para os países da América Latina que incluíam privatização de estatais e abertura comercial e é considerado o marco do neoliberalismo na região.

ORTODOXIA NO DNA

A linhagem dos economistas reunidos na Casa Ibiá é ortodoxa, assevera Pastore, referindo-se a uma tendência que advoga a menor presença do Estado na economia.

"Não temos nenhum heterodoxo [no CDPP]. Isso dá uma noção do que a gente julga que seria o DNA [do grupo]." Comporta também pessoas que estiveram no governo do PT, como Marcos Lisboa, Joaquim Levy, Henrique Meirelles e Bernard Appy.

O clube começou com reuniões informais e jantares. Com o tempo, foi ganhando adeptos e se tornou necessária uma estrutura. Há dois anos, as reuniões passaram a ocorrer no Insper, até que a Casa Ibiá ficou pronta. Chegou-se a aventar um vínculo formal com a Casa das Garças, mas a ideia não avançou.

O primeiro produto do CDPP ficou pronto na última semana. O documento "Sob a luz do sol: uma agenda para o Brasil" faz um diagnóstico das "razões da perda de dinamismo da economia brasileira". A principal recomendação é dar maior transparência às políticas públicas.

Às vésperas da eleição presidencial, Pastore afirma que não há intenções de o documento servir de base para um programa de governo.

"Nossa ação para nesse ponto [de formulação da agenda]. Cada um que a use como julgar melhor."

Outro propósito é tentar "pescar" jovens pesquisadores nas faculdades paulistanas. O objetivo é oxigenar o debate entre gerações.


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