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Cresce a exportação de obras de arte brasileiras

Em 2011, vendas de quadros, esculturas e gravuras somaram US$ 54 milhões

País segue boom já visto por China e México em anos recentes; já existe fundo especializado em artes plásticas do Brasil

MAELI PRADO
DE BRASÍLIA

"É o lado bonito da economia." É assim que o artista plástico Francisco Galeno, morador do entorno de Brasília que possui obras espalhadas por todo o mundo, resume o boom de exportações de pinturas e esculturas produzidas no Brasil.

Os números do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio revelam o que a visibilidade de uma economia emergente em tempos de crise internacional pode fazer por artistas como Galeno, Adriana Varejão, Beatriz Milhazes, Vik Muniz, Cildo Meireles e Tunga, entre outros.

No ano passado, o Brasil vendeu a outros países 28 vezes mais obras de arte, em valores, do que em 2001 -apenas em 2011, foram US$ 54,4 milhões exportados em quadros, esculturas e gravuras.

Um fenômeno nada comparável aos US$ 41,8 bilhões vendidos a outros países em minério de ferro, mas um valor mais de 2.600% superior ao que era comercializado há mais de dez anos. Mesmo em relação a 2005 o crescimento é espantoso, de 1.030%.

"Como o ouro, a arte passou a fazer parte do portfólio dos investidores, e o Brasil está hoje no centro das atenções", diz Antonio Grassi, presidente da Funarte (Fundação Nacional de Artes). "E, claro, é inegável o reconhecimento do talento dos nossos artistas", afirma.

Atualmente, cada quadro brasileiro é exportado por um preço médio de US$ 9.400. Há dez anos, o preço era, em média, de US$ 100.

Abriu-se espaço até para o surgimento, em 2010, do primeiro fundo de investimentos especializado em artes plásticas do Brasil, o Brazil Golden Art, da gestora de recursos Plural Capital. A meta é ter uma das cinco coleções mais importantes do Brasil.

É o mesmo fenômeno que já ocorreu com emergentes como China e México, afirma Marcelo Dantas, diretor de relações internacionais do Ministério da Cultura.

"O mercado de arte internacional vai fabricando seus fenômenos, e adquirindo ativos estratégicos. Identificaram a arte contemporânea brasileira como um nicho interessante, já que os preços, apesar de terem disparado, ainda são menores do que equivalentes no exterior."

O interesse pela arte dos emergentes ficou mais evidente há dois anos, quando houve um leilão apenas de obras provenientes dos Brics (grupo de países formado por Brasil, Rússia, Índia e China).

Organizado pela londrina Saatchi Gallery, contabilizou vendas de mais de € 7 milhões -cerca de € 1,1 milhão em arte brasileira.

Especialistas como Ricardo Barradas, curador e perito judicial, aprovam que a arte "made in Brazil" seja valorizada, mas ao mesmo tempo condenam o que classificam como pura especulação.

"Não são poucos os que compram obras de artistas menores para revender, pouquíssimo tempo depois, com um lucro enorme", declara.

Dantas, do Ministério da Cultura, não acredita que o cenário atual se resuma a um boom especulativo. "A safra de artistas dos últimos anos é muito boa. A tendência de alta deve se sustentar, com base na qualidade."

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