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Mercado exagera na reação eleitoral, diz ex-presidente do BC

Para Carlos Langoni, "guinada conservadora" de Dilma será inevitável caso ela seja reeleita

Ajuste fiscal vai ser necessário seja qual for o resultado das urnas, diz economista; diferença será dosagem

RAQUEL LANDIM DE SÃO PAULO

Carlos Langoni, ex-presidente do Banco Central, acredita que é "inevitável uma guinada conservadora" da presidente Dilma Rousseff (PT) se for reeleita, "ainda que ela não admita".

"A inflação alta e o baixo crescimento não permitem aventuras heterodoxas", diz o economista, que dirige o centro de economia mundial da FGV, no Rio.

Ele afirma ainda que o mercado está "exagerando" e que a maior diferença entre os governos de Dilma e Áecio Neves (PSDB) seria na "dosagem" do ajuste. A seguir, trechos da entrevista à Folha.

Folha - Qual é o principal desafio do próximo presidente?
Carlos Langoni - Romper a armadilha de baixo crescimento e inflação elevada. O Brasil vem numa tendência de desaceleração associada a desequilíbrios internos e externos. O país voltou a ser associado à vulnerabilidade e vai ter que enfrentar isso.
Estamos próximos da estagflação. O desemprego baixo, que é um fator positivo, gera renda real acima da produtividade da economia.

Como os governos Dilma e Aécio reagiriam a esse desafio?
Independentemente de quem seja o novo presidente, a política econômica não vai poder ser muito distinta. Governo e oposição concordam que é preciso manter a redução da desigualdade. Vamos ser pragmáticos: os programas de distribuição de renda não se sustentam se a inflação dispara. Logo, até por coerência com seu discurso, ambos terão que fazer um ajuste fiscal.
Além disso, há risco concreto de o Brasil ser rebaixado pelas agências de classificação de risco, o que eleva o custo de capital e impede uma retomada da economia através do investimento.
Nenhum partido tem direitos autorais sobre políticas econômicas consistentes. São políticas de Estado, não de partidos. As diferenças seriam menores do que os mercados estão antecipando.
O discurso político impede uma transparência maior dos candidatos sobre as políticas a implementar. O que vai haver é diferença de dosagem.

Dilma vem falando em um ajuste gradual da economia. Que ritmo de ajuste é melhor?
Quanto mais rápido, melhor. A experiência da crise europeia nos mostra que postergar a correção de desequilíbrios aumenta o custo econômico, social e político.
É preciso, inclusive, aproveitar o apoio de um presidente em início de mandato. Exatamente o que fez Lula em 2003, quando adotou um ajuste mais duro que o de FHC em seu segundo mandato.

Qual é a vantagem e a desvantagem de um governo do PT?
O grande problema é superar a desconfiança dos mercados em relação ao PT --curiosamente não ao PT de Lula, mas ao PT de Dilma.
Isso pode ser rompido com a escolha do novo ministro da Fazenda e o anúncio de metas fiscais críveis.
A vantagem é que não há dúvidas sobre a continuidade e o aperfeiçoamento das políticas de transferência de renda. O PT tem economistas excepcionais nessa área.

Qual é a vantagem e a desvantagem do governo do PSDB?
A vantagem é saber que o ministro da Fazenda será o Armínio Fraga. Ele tem enorme experiência e vai corrigir preços, fazer um ajuste fiscal firme, dar prioridade no combate à inflação.
A desvantagem é essa dúvida se qualquer outro governo vai ter capacidade de assegurar as conquistas sociais.
Assim como defendo a tese de que Dilma vai caminhar para políticas econômicas mais consistentes, também acho que Aécio vai preservar as conquistas sociais.

O dólar bateu em R$ 2,50 e voltou. Qual é a tendência do mercado até o segundo turno?
Teremos muita volatilidade até mesmo após a definição do presidente. O câmbio e os juros são muito sensíveis à política. O custo dessa onda de incerteza é a paralisação dos investimentos. O ano que vem vai ser de correção os desequilíbrios para que a economia decole em 2016.


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