Índice geral Mercado
Mercado
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Folhainvest

Decisão de comprar ou alugar imóvel exige análise

Investir dinheiro "imobilizado" e alugar pode ser até mais vantajoso

Com mercado aquecido, preço dos imóveis pode não justificar o valor pelo qual ele conseguiria ser alugado

DENISE BRITO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Comprar ou alugar um imóvel? Adquirir a casa própria nem sempre é o melhor negócio, ao contrário do senso comum no Brasil. Em alguns casos, pode valer mais a pena arcar com o aluguel e utilizar o dinheiro que seria "imobilizado" para fazer uma aplicação financeira.

Pesam na balança tanto fatores objetivos -dinheiro disponível, prazo e o retorno esperado- como subjetivos, como a "sensação de segurança" que a conquista do imóvel próprio traz, ou a vontade de derrubar paredes e de "personalizar" a casa.

Não é sempre verdade que imóvel é investimento seguro e de baixo risco. Especialistas alertam que o ganho obtido com imóvel é também resultado de especulação -portanto, investimento de risco. Já no mercado financeiro, é possível encontrar opções conservadoras, como a renda fixa, e dosar a exposição.

"Mercado imobiliário não é sempre um bom negócio", afirma Samy Dana, professor da FGV (Fundação Getulio Vargas). Ele diz que a ideia de o investimento em imóvel ser vantajoso "cai por terra" quando se analisa seu potencial de rentabilidade.

No caso de investimento em imóveis, a rentabilidade está atrelada ao valor de aluguel, estimado hoje em 0,6% ao mês ou 7,5% ao ano, segundo imobiliárias. Numa aplicação de baixo risco como em fundos DI, o ganho em dezembro foi chegou a 0,93%.

"Mesmo com o mercado muito aquecido, a rentabilidade [do aluguel] é baixa se comparada à dos títulos do governo no Tesouro Direto."

O especialista diz ainda que o aluguel é até menos vantajoso que a poupança, que teve rendimento de 0,6% em dezembro. "Isso porque, enquanto a poupança é previsível, o mercado imobiliário é especulativo. É preciso jogar com a sorte, entrar na baixa e sair na alta", disse.

DE DONO A INQUILINO

Foi a partir desse raciocínio que o empresário Marcel Figueiredo, há um ano, optou por mudar para um imóvel alugado.

Decidido a ficar mais próximo do trabalho, no Itaim (zona sul), ele vendeu a casa em que vivia no Limão (zona norte) e aplicou o dinheiro no Tesouro Direto.

"Pesquisei o mercado daquela região e encontrei imóveis de 80 m², na planta, a partir de R$ 1,5 milhão. Esse valor aplicado rende mais de R$ 15 mil por mês e, pela metade, aluga-se um apartamento com o triplo dessa metragem", disse.

O empresário diz ter ficado impressionado com a quantidade de imóveis à venda e também com a velocidade do aumento dos preços.

Segundo ele, em dois anos e meio o imóvel em que morava saltou de R$ 80 mil para R$ 250 mil. "Não houve nenhuma benfeitoria que justificasse [a valorização]."

Figueiredo se diz satisfeito com a atual situação de inquilino -se quiser, pode realizar reformas, contanto que entregue na forma original depois; caso surja um problema estrutural (como infiltração), ele comunica ao proprietário e não precisa arcar com essa despesa.

Para João Crestana, presidente do Secovi (sindicato da habitação), os imóveis não devem constituir o patrimônio do investidor, mas fazer parte de sua carteira de investimentos. "É preciso comprar bem, pagar barato, à vista, para ter retorno", destaca.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.