Mercado aberto
MARIA CRISTINA FRIAS cristina.frias@uol.com.br
Dívida de gás natural gera risco de apagão em Manaus
A Petrobras ameaça suspender o fornecimento de gás natural para o Amazonas, o que pode deixar Manaus e outros municípios do Estado sem energia elétrica às vésperas das eleições para presidente e governador.
Em carta datada de segunda-feira (20), a BR Distribuidora, braço da petroleira, informa que caso não haja "solução amigável" para a quitação da dívida pela Amazonas Energia e Eletrobras até amanhã (24), a Petrobras suspenderá o fornecimento de gás à distribuidora Cigás.
A condição para que isso não ocorra é que seja feito o pagamento prévio correspondente à quantidade de gás solicitada. A dívida já antiga com a petroleira é estimada em cerca de R$ 3 bilhões.
A Petrobras abastece a Cigás, que, por sua vez, repassa o produto à subsidiária da Eletrobras, a Amazonas Energia, que gera a eletricidade e a distribui na região.
Uma cláusula do contrato firmado em 2006 estabelece que, caso o pagamento atrase, a Amazonas deverá quitá-lo diretamente com a Petrobras. Estima-se que a Cigas fique com cerca de 2,5% do valor a pagar.
"A situação chegou ao limite, por isso acho que a carta [da Petrobras] é razoável, embora eu acredite que seja algo protocolar", diz Lino Chixaro, presidente da Cigás.
"Não tem como a Petrobras suspender o fornecimento, isso deixaria 60% da cidade de Manaus sem energia", diz.
Para ele, a Eletrobras também não tem culpa direta. "Com a reforma federal que foi feita no setor elétrico, a Amazonas Energia deixou de dispor dos recursos da CCC."
A CCC (Conta de Consumo de Combustível) é repassada pelo Tesouro Nacional para garantir ao Norte tarifas semelhantes ao resto do país, pois a energia gerada nas usinas da região é mais cara.
"Sem essa receita, ela [a Amazonas Energia] não tem como cobrir o débito", diz.
Em notas, a Eletrobras e a Amazonas Energia informaram que estão, junto com Ministério de Minas e Energia, Secretaria do Tesouro Nacional e BR Distribuidora, em processo de negociação dos débitos referentes ao suprimento de gás.
Outras informações serão fornecidas apenas depois da conclusão do acordo, ainda de acordo com as empresas.
O governo do Estado do Amazonas, por sua vez, relatou que acompanha a situação e que não vê a possibilidade de o fornecimento do combustível ser suspenso.
OUTRO LADO
Procurada pela coluna, a Petrobras informou que "está em negociação com a Eletrobras para o pagamento de dívida relativa ao fornecimento de gás natural ao Estado do Amazonas".
Por meio de uma nota, a petroleira afirma que "o suprimento de gás natural está garantido, visto que o fornecimento se dará pelo pré pagamento do gás, até que sejam concluídas as negociações".
"A correspondência em questão, que tem caráter confidencial, por se tratar de assunto comercial, faz parte do processo de negociação, e atende a exigência contratual", acrescenta.
A Petrobras informa ainda que não houve qualquer corte de fornecimento de gás no mês de julho.
EXPORTAÇÃO BRASILEIRA
Após reformular seu sistema de planos odontológicos, a operação brasileira da MetLife, empresa americana do setor de seguros, deverá exportar seu modelo para os EUA.
A modernização nos planos no Brasil ocorreu há dois anos, após a companhia detectar insatisfação entre clientes e dentistas.
Sistema digital para envio de exames e aprovação on-line de tratamento estão entre as medidas adotadas no país que estão em análise pelos americanos.
A vice-presidente da MetLife Maria Morris está em São Paulo nesta semana para conhecer o modelo.
"Levar inovações, eficiência e self-services', que são muito utilizados no Brasil, é o que temos de fazer nos EUA."
O mercado brasileiro é o segundo maior no segmento odontológico da empresa, com quase 700 mil beneficiários. Nos Estados Unidos, são aproximadamente 21 milhões.
PLÁSTICO VIRTUAL
A MasterCard se prepara para lançar dois produtos com foco em gestão de gastos e no público de baixa renda no Brasil.
Um deles é uma parceria com a operadora Tim e um banco público que oferecerá serviços de conta pré-paga acessada pelo celular, sem a necessidade de ser correntista em um banco.
Hoje, o serviço é disponibilizado em fase de testes pela bandeira por meio de uma parceria entre a Vivo e a plataforma Zuum.
"Com a ferramenta é possível, por exemplo, colocar saldo no celular e pagar contas sem a necessidade de ir a uma agência lotérica", diz João Pedro Paro, presidente da MasterCard no Brasil.
A companhia estuda fechar a parceria com todas as operadoras de telefonia móvel do país.
"Acreditamos que isso vai nos ajudar a entrar em novos segmentos que hoje não participamos, que vão trazer benefícios em volume, mais negócios e diminuir' o uso de dinheiro, que é o nosso objetivo."
Para os clientes que têm familiaridades com bancos e cartões de crédito, a companhia vai lançar uma ferramenta para controlar os gastos feitos com o plástico e definir o tipo de uso.
Com o serviço, gratuito, será possível configurar desde a quantia mensal a ser gasta com restaurantes, até em quais horários o pagamento será efetuado.
R$ 11,4 bilhões
foi a receita líquida global da MasterCard no primeiro semestre deste ano
R$ 4,5 bilhões
foi o lucro líquido global da companhia nos primeiros seis meses de 2014
14%
foi o crescimento do lucro operacional da companhia no primeiro semestre de 2014 em relação ao mesmo período do ano anterior
Comida... A Granfino, empresa fluminense de alimentos, terá um centro de distribuição em Nova Iguaçu, com aporte de R$ 4 milhões.
...estocada Com a estrutura, que fica ao lado da planta do grupo, a capacidade de armazenagem será dobrada.
DÍVIDA BRASILEIRA
A parcela de famílias endividadas no Brasil ficou em 60,2% neste mês, segundo pesquisa da CNC (Confederação Nacional do Comércio).
O número representa uma queda de 2,9 pontos percentuais na comparação com setembro e de 1,9 ante outubro do ano passado.
Também houve uma redução nos consumidores com contas atrasadas: passaram de 21,6% em outubro de 2013 para 17,8% neste mês.
O cartão de crédito é hoje o principal meio de endividamento dos brasileiros, com 74,7% do total, seguido pelos carnês e pelos financiamentos de carros, com 17,3% e 14,1%, respectivamente.
O percentual de famílias que não têm condições de pagar suas contas ou dívidas em atraso ficou em 5,4% em outubro deste ano. No mês anterior, eram 5,9%, e, em outubro de 2013, haviam sido pouco mais de 7%.
Foram entrevistadas 18 mil pessoas em todo o país.