Vaivém das Commodities
MAURO ZAFALON mauro.zafalon@uol.com.br
Falta de chuva preocupa sojicultor paraguaio
O clima favoreceu, e parte da soja plantada no Paraguai já está em fase de formação de vagem. A falta de chuva há duas semanas, no entanto, preocupa os produtores.
A atenção neste ano é redobrada porque, após um bom período de preços elevados da commodity, os valores de negociações deixaram de ser tão atraentes.
Reginaldo Rubio, produtor no leste do Paraguai, é um dos que já semearam toda a área de 280 hectares que cultiva e agora torce para uma boa evolução do clima.
Afinal, diz ele, "tudo tem de dar muito certo neste ano. Caso contrário, não vamos nem cobrir os custos."
O ano já não começou bem. Rubio diz que a comercialização do milho deixou para trás uma série de contas a serem pagas. Após a venda a US$ 105 por tonelada na safra passada, o patamar atual de negociação não chega nos US$ 90 por tonelada.
E as perspectivas para a soja também não são muito boas. Após ter negociado a produção de 2013/14 a US$ 460 por tonelada, os preços atuais de Chicago indicam apenas US$ 301 por tonelada na região.
Este valor apenas cobre os custos, próximos de US$ 300 por tonelada, diz Rubio.
"A saída é diminuir os gastos, controlando constantemente as lavouras", diz ele.
Com a utilização de parte da semente própria, produzida na safrinha, o produtor diz que vai ficar mais atento ao desenvolvimento das lavouras, evitando a aplicação desnecessária de defensivos.
A produtividade do ano passado foi de 3.900 quilos por hectare, mas Rubio diz que ainda é cedo para uma estimativa para este ano.
O importante é que 2011 não se repita. Naquele ano, a produção foi de apenas 743 quilos por hectare, deixando um rastro de dívidas que ainda estão sendo pagas.
Neste ano, com a incorporação de novas tecnologias no setor, principalmente na semente, os custos também aumentaram. Uma saca de 40 quilos, por exemplo, custa US$ 73 na região --os royalties estão incluídos.
O produtor utiliza, em média, uma saca e meia por hectare durante o plantio.
Diante desse cenário de incertezas sobre a rentabilidade da safra, o produtor afirma que investimentos, como renovação de frota, ficam para mais tarde.
Preços A volatilidade das commodities vai continuar nos próximos anos, segundo Alan Tracy, presidente da U.S Wheat Associates.
No caminho do milho Quem quiser saber o que vai acontecer com o trigo deverá ficar atento, no entanto, à evolução do milho, segundo o presidente da entidade.
Linha tênue O trigo segue o milho de forma direta. Há uma linha tênue de relação, principalmente quando a qualidade do trigo cai.
Ração A avaliação é de Edson Csipai, da Bunge. Ele diz que boa parte do trigo produzido mundialmente vai para a produção de ração animal.
Atacado Os preços dos produtos agrícolas tiveram retração de 0,29% nesta semana no atacado. É a terceira semana de redução.
Em 12 meses A informação é do Índice RC de Alimentos, da RC Consultores. Com o resultado, o índice cai 1,17% em relação a setembro. Ante outubro de 2013, sobe 3,60%.
Algodão A Índia eleva a área plantada em 2014/15, mas produzirá menos, diz o Ministério da Agricultura.
Plantio A área semeada atinge 12,7 milhões de hectares, 8% mais do que na safra anterior. Já a produção recua para 6,7 milhões de toneladas, uma queda de 1%.
Exportação As vendas externas do país recuam para 1,3 milhão de toneladas, 31% menos que na safra anterior.
De olho no preço
COTAÇÕES
MERCADO INTERNO
Café
(R$ por saca) 460
Boi gordo
(R$ por arroba) 136
CHICAGO
Soja
(US$ por bushel) 9,78
Trigo
(US$ por bushel) 5,18