Doença cítrica cresce e atinge 14% das laranjeiras de São Paulo
Considerada a pior doença do setor, greening mata árvore em 3 anos
O Estado de São Paulo bateu o recorde do número de pés de laranja afetados pelo greening, considerada a pior doença da citricultura, que traz manchas amarelas nas árvores e "mata economicamente" a planta em três anos. Ao menos 21 milhões de pés, cerca de 14% do total de São Paulo, apresentaram sintomas da doença neste ano.
O número é superior ao total de plantas afetadas no ano passado, apesar de, agora, o total de pés ser quase 12% menor. Em 2013, dos 170,4 milhões de pés em produção, 10% apresentaram sintomas de greening. A cada ano, a incidência tem sido maior. Em 2008, ela aparecia em apenas 0,58% dos pés em produção.
Segundo o engenheiro agrônomo Walkmar Brasil Pinto, da Associtrus (Associação Brasileira de Citricultores), a planta demora de cinco a oito meses para manifestar os sintomas após ser infectada com a doença. Alguns produtores têm usado defensivos que conseguem prolongar a vida útil da árvore, mesmo sem curá-la. "O defensivo mascara os sintomas e atrasa o prejuízo, mas não cura a árvore e a doença continua se espalhando", disse.
Sem erradicar o pé, a laranja acaba sendo colhida e vai para o mercado. Especialistas em citricultura dizem que a doença atinge só a fruta, sem risco aos humanos. O problema de não erradicar um pé doente, no entanto, é que o produtor corre o risco de ver o greening se disseminar em seu pomar.
A legislação estadual prevê multa, caso a fiscalização constate que o produtor não eliminou a planta com a doença, que pode variar de R$ 2.014 a R$ 100.700.
A doença é responsável pela redução da safra de laranja na Flórida (EUA), que neste ano produziu 104,6 milhões de caixas, o menor volume em 29 anos.
Neste ano, apesar do número recorde de plantas com os sintomas, o número de pés erradicados deve ser menor que o do ano passado. Em 2013, foram mortos 7,2 milhões de pés por greening, enquanto no primeiro semestre deste ano foram 2,2 milhões.
A estiagem prolongada, que afetou a safra deste ano e trouxe prejuízo para os produtores por diminuir o tamanho da laranja, impediu que os prejuízos com o greening fossem maiores.
O Ministério da Agricultura determina que o produtor é responsável pela identificação e erradicação da planta caso apresente sintomas do greening, para assim evitar a disseminação da doença.
"Com o mercado ruim para a laranja, os produtores são resistentes em eliminar um pé que ainda é produtivo, mesmo tendo consciência de que estão contaminando a si próprios", disse Renato Bassanezi, do Fundecitrus.