PIB dos EUA cresce 3,5% no 3º tri e dá fôlego a retomada
Avanço foi puxado por gastos de defesa e exportações; semestre entre abril e setembro é o melhor desde 2003
Resultado preliminar surpreende analistas, que previam 3%, mas mercado ainda teme que ritmo não perdure
A economia dos EUA cresceu 3,5% no terceiro trimestre em números anualizados, segundo dados preliminares divulgados nesta quinta (30) pelo Departamento do Comércio, e superou as expectativas dos analistas de mercado, de avanço de 3%.
Com o aumento de 4,6% do PIB (Produto Interno Bruto) registrado no segundo trimestre, a economia americana teve seu melhor semestre de crescimento desde os últimos seis meses de 2003.
O número --que ainda passará por duas revisões, em novembro e dezembro-- foi festejado com ressalvas pelo mercado. Isso porque o crescimento no trimestre foi impulsionado por gastos maiores do governo com defesa (16%) e exportações (7,8%).
As importações, que afetam negativamente o PIB, caíram 1,7% no período.
"É um número bom, mas não parece muito sustentável", disse Josh Bivens, do Economic Policy Institute.
"O aumento de gastos com defesa não vai se manter, e a grande contribuição do comércio exterior também não se sustenta, considerando a desaceleração econômica em outras partes do mundo."
Excluindo esses fatores, afirmou Bivens, a perspectiva de crescimento se mantém dentro da média de 2% a 2,5% vista nos últimos anos.
"O aumento nos gastos de consumo decepcionou, e o investimento privado cresceu apenas moderadamente", avaliou a consultoria Conference Board, em nota.
Os gastos de consumo entre junho e setembro tiveram alta de 1,8%, ante 2,5% no segundo trimestre. O investimento privado subiu 4,7%.
O mercado tenta prever quando o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) começará a aumentar a taxa de juros, que opera perto de zero desde 2008.
Na quarta (29), o comitê monetário do Fed reafirmou em comunicado que pretende manter a taxa no patamar atual, entre 0 e 0,25% ao ano, "por tempo considerável".
"Se o crescimento for moderado e, assim, o ritmo atual de criação de empregos se mantiver, poderemos observar um aumento da renda no próximo ano e um primeiro aumento nos juros na metade de 2015", afirmou a Conference Board.
A organização prevê crescimento médio de 2,5% nos próximos trimestres.