Cartel não muda produção, e preço do petróleo é o menor em 4 anos
Opep aposta que, com cotação baixa, oferta vai recuar no longo prazo, forçando novos aumentos
Venezuela e Irã, que têm desequilíbrios em seus Orçamentos, defendiam uma ação mais imediata
Os membros da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) decidiram não reduzir sua produção, em sua reunião desta quinta-feira (27), a despeito de meses de queda nos preços da commodity.
O preço do petróleo cru tipo Brent caiu dramaticamente com a notícia. O contrato para janeiro --referência internacional para o petróleo-- chegou a cair US$ 6,50, para US$ 71,25 por barril, a cotação mais baixa em quatro anos. Durante o dia, houve recuperação e o barril terminou valendo US$ 72,58.
O contrato de referência do mercado dos EUA caiu abaixo dos US$ 70 pela primeira vez desde junho de 2010, cotado a US$ 69,05.
Com a queda nos preços internacionais, as ações da Petrobras recuaram ontem: as ordinárias (com direito a voto) se desvalorizaram em 3,92%, e as preferenciais, 4,68%. O resultado ajudou para queda de 0,68% do Ibovespa nesta quinta.
No mais claro sinal até agora de que o cartel acredita que a cura para o excedente de produção cada vez maior é um corte nos preços, a Opep anunciou em comunicado que manteria seus atuais níveis de produção no interesse de "restaurar o equilíbrio de mercado".
"Vamos produzir 30 milhões de barris ao dia no primeiro semestre", disse Abdalla El-Badri, secretário-geral da Opep. "Não temos meta de preços; estamos em busca de um preço justo."
A mensagem ecoou a de Ali al-Naimi nos dias que precederam a reunião, quando o ministro do Petróleo da Arábia Saudita, líder do cartel e maior produtora mundial de petróleo, disse esperar que o mercado petroleiro "venha por fim a se estabilizar".
O cartel está dividido. Os produtores de baixo custo com grandes reservas cambiais, como a Arábia Saudita e outras nações do golfo Pérsico, se mostraram mais dispostos a aguentar um período de preços mais baixos a fim de ganhar mercado em longo prazo.
Venezuela e Irã, que precisam de preços mais altos para o petróleo a fim de equilibrar o Orçamento, estão ávidos para que o cartel contenha novas quedas de preços.
"Os produtores mais prejudicados pela queda nos preços do petróleo foram persuadidos de que um corte na produção poderia ser pouco efetivo e que a única maneira de conter a disparada na produção de petróleo das reservas de xisto betuminoso dos Estados Unidos seria permitir que preços mais baixos ajudem a reduzir a oferta com o passar do tempo", disse Bill Farren-Price, diretor da Petroleum Policy Intelligence.