Levy promete aperto nas contas e fim de repasses a bancos públicos
Confirmado ontem como futuro ministro da Fazenda, economista só assumirá após transição
Economia de gastos --o chamado superavit primário-- será de 1,2% do PIB em 2015 e 2% nos dois anos seguintes
A nova equipe econômica, oficializada nesta quinta-feira (27), deixou claro sua linha geral de trabalho: ajuste gradual e crível das contas, fim das transferências de recursos do Tesouro para bancos públicos, transparência e reequilíbrio da economia como condição para manutenção das políticas sociais.
O plano geral foi enunciado em entrevista por Joaquim Levy, anunciado como futuro ministro da Fazenda --como antecipado na sexta passada (21) por Vera Magalhães, editora do "Painel"--, Nelson Barbosa, futuro ministro do Planejamento, e Alexandre Tombini, mantido no comando do Banco Central.
Só Tombini está no cargo --haverá um período de transição para montar o ajuste das contas públicas e tentar passar no Congresso a lei que dispensa o governo de cumprir a meta fiscal deste ano.
Assumindo o papel de líder do grupo, Levy anunciou que a economia de gastos para pagamento da dívida pública, o chamado superavit primário, será de 1,2% do PIB em 2015 e de no mínimo de 2% nos dois anos seguintes.
"Alcançar essas metas é fundamental para o aumento da confiança na economia brasileira e criará a base para a retomada do crescimento econômico e a consolidação dos avanços sociais."
A nova meta fiscal para o próximo ano é menor do que a definida pela equipe do atual ministro Guido Mantega, que era de 2% a 2,5%, considerada neste momento impossível de ser atingida.
A redução faz parte da estratégia da nova equipe de só trabalhar com metas que serão cumpridas e garantir transparência das contas públicas, buscando retomar a credibilidade do governo.
"Esse compromisso [de transparência] é fator indispensável", afirmou Levy.
A falta de confiança do empresariado e dos consumidores na política econômica do governo é apontada como um dos principais motivos para o baixo crescimento da economia brasileira, que deve ficar perto de zero em 2014.
Mirando outra crítica do mercado financeiro, Levy destacou que o "objetivo imediato do governo" é definir uma meta fiscal para os próximos três anos visando reduzir a dívida bruta do setor público, em alta nos últimos anos, e não mais a dívida líquida, como se faz agora.
Para isso, o novo ministro da Fazenda indicou o fim de repasses de recursos do Tesouro para os bancos públicos, iniciados no governo Lula e estendidos por Dilma para tentar impulsionar investimentos --sem sucesso.