Tombini demonstra tato para apagar incêndios
Reconfirmado no cargo, presidente do BC sinalizava insatisfação com contas públicas
De poucas palavras, Alexandre Tombini vem sinalizando insatisfação com o rumo da atual política fiscal.
"Ele não tem esse perfil tão desenvolvimentista que está aí", diz uma fonte que trabalhou muitos anos lado a lado com ele. O gaúcho de Porto Alegre preside o BC desde o início de 2011 e foi reconfirmado ontem no cargo.
Um dos sinais mais claros de restrição à política econômica foi dada há mais de um ano, quando o BC passou a divulgar projeções sobre a dívida tomando como base cenários distintos para o superavit primário: um com a meta do governo, e outro, com a expectativa do mercado, sempre mais baixa.
Mas esses sinais não serão suficientes para que Tombini reconquiste os agentes econômicos. A maior crítica que recebe é não ter conseguido domar a inflação, que, nos últimos anos, tem ficado próxima ou acima do teto da meta oficial (de 6,5% pelo IPCA).
"POMBINI"
De afinidades mais desenvolvimentistas --que lhe renderam o apelido de "Pombini" nas mesas financeiras em referência ao seu perfil "dovish" (expansionista)--, Tombini foi o responsável por reduzir a Selic à mínima histórica de 7,25% no final de 2012, num momento em que a economia já dava sinais de perda de fôlego.
Mas logo teve de voltar a subir a taxa básica de juros porque, apesar da atividade anêmica, a alta nos preços não cedia.
POLO AQUÁTICO
O presidente do BC, de 50 anos e torcedor do Internacional, é dedicado à família (tem dois filhos), mas reservado sobre sua vida pessoal.
Recebeu um ph.D. em economia pela Universidade de Illinois, nos Estados Unidos. Nesse período, também jogava polo aquático.
Antes de assumir a presidência do BC, ocupava a diretoria de Normas da autoridade monetária e era um dos principais interlocutores do Ministério da Fazenda.
Colegas dizem que ele tem tato para apagar incêndios e ganhou maturidade política durante os anos em que esteve à frente do BC.