Setor de petróleo cai o dobro da Bolsa no governo Dilma
Com desvalorização de 47,20%, segmento teve a maior queda no mercado, diz levantamento de consultoria
As ações do setor de petróleo e derivados foram as que mais se desvalorizaram na Bolsa no governo Dilma Rousseff, segundo levantamento da LCA Consultores, caindo mais que o dobro do principal índice do mercado.
O estudo considera o desempenho dos papéis das companhias negociadas de 3 de janeiro de 2011 a 26 de novembro de 2014.
As ações do segmento caíram 47,20% (veja quadro), enquanto o Ibovespa teve baixa de 19,52% no período.
De acordo com a LCA, o setor de petróleo foi prejudicado principalmente pela ingerência do governo na Petrobras.
Para conter a inflação, o governo segura o preço dos combustíveis no mercado doméstico, independentemente do custo no exterior.
Assim, a Petrobras, principal empresa do setor na Bolsa, importa petróleo e derivados a valores mais altos dos que pratica na venda no mercado doméstico --o que prejudica o caixa da empresa.
"A ação da Petrobras vai se valorizar à medida que o mercado ganhe confiança nas mudanças na equipe econômica do governo", diz André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos.
"Mas vai ser preciso esperar pelo menos dois anos para avaliar melhor as perspectivas", acrescenta.
Na outra ponta do levantamento da LCA, os setores de consumo (69,14%) e financeiro e de seguros (47,98%) foram os que mais ganharam valor na Bolsa no governo Dilma, com ajuda do crescimento da renda das famílias.
DESACELERAÇÃO
Luciano Rostagno, estrategista-chefe do banco Mizuho, destaca, porém, que o consumo deve desacelerar já a partir de 2015 por pelo menos quatro anos, em razão da inflação e da alta dos juros.
Ainda de acordo com Rostagno, com a nova equipe econômica de Dilma, o foco das ações governamentais, que estava no consumo, deve se voltar para o setor produtivo, com destaque para a indústria.