Petrobras cai 9% e fica abaixo de R$ 10 pela 1ª vez desde 2004
Papel da estatal teve maior queda desde outubro e chegou a ter negociação suspensa
Falta de balanço do 3º trimestre é um dos motivos para queda; dólar tem maior valor desde março de 2005
A decisão da Petrobras de adiar mais uma vez a divulgação do balanço do terceiro trimestre, na sexta (12), derrubou com força os papéis da estatal, que baixaram do patamar dos R$ 10 pela primeira vez em mais de dez anos.
As ações preferenciais da companhia, as mais negociadas, caíram 9,2% nesta segunda-feira (15), a maior queda desde 27 de outubro, primeiro pregão após a eleição que deu a vitória para a presidente Dilma Rousseff. Os papéis terminaram o dia cotados a R$ 9,18, menor valor desde 14 de junho de 2004.
Como chegaram a cair mais de 10%, os papéis da Petrobras foram negociados em leilão durante um período. Esse mecanismo é automático --entra em vigor quando uma ação tem queda expressiva-- e visa impedir uma desvalorização mais forte do papel.
As ações ordinárias (com direito a voto) caíram ainda mais: 9,94%, para R$ 8,52 --menor valor desde 5 de novembro de 2003.
Além da ausência de balanço e das denúncias de corrupção, pesaram para a desvalorização a queda no preço do petróleo na cena externa e o corte em recomendações de grandes bancos, como o Credit Suisse.
"Atualmente a maior preocupação da Petrobras é a publicação do balanço, pois sem resultado não há rolagem da dívida nem possível captação via ações", diz o analista Ricardo Kim, da XP Investimentos, em relatório.
Para Eduardo Velho, economista-chefe da gestora de recursos Invx Global, a aversão ao risco global deve continuar. "O movimento é mais estrutural (perene) do que conjuntural. Não se deve esperar recuperação dos preços das commodities. Com o dólar mais forte, elas devem continuar um patamar mais baixo nos próximos anos."
A derrocada das ações da Petrobras pesou no Ibovespa, principal índice da Bolsa, que fechou em queda de 2,05%, para 47.018 pontos, menor nível desde 19 de março.
Mas não foi só a Bolsa brasileira que teve um dia negativo. Os principais índices mundiais fecharam no vermelho, movidos pela preocupação com o petróleo, que ontem recuou mais 2%, para US$ 60. No ano, a cotação do barril caiu cerca de 45%.
Os mercado europeus estão entre os que mais sofreram: Frankfurt caiu 2,7%, Paris, 2,5%, e Londres, 1,9%.
No México, grande produtor de óleo, a queda foi de 3,3%, e, na Bolsa da Argentina, o recuo foi de 8,3%, influenciada pelo desempenho da Petrobras no país.
DÓLAR
No câmbio, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, subiu 0,97%, para R$ 2,688 na venda --maior cotação desde 29 de março de 2005. O dólar comercial subiu 1,28%, para R$ 2,685, valor mais elevado desde 29 de março de 2005.