Petróleo desaba e faz Petrobras recuar 8%; Bolsa cai 2%
Commodity chegou a ficar abaixo de US$ 50 em NY e afetou também o dólar, que subiu 1,28%, para R$ 2,727
Na esteira do tombo dos preços do petróleo no exterior, a Petrobras viu as suas ações desabarem nesta segunda-feira (5) para o menor valor desde 2004.
A queda nos papéis da estatal pressionou o principal o Ibovespa, que fechou o dia com desvalorização de 2,05%, aos 47.516 pontos.
O dólar à vista, referência no mercado financeiro, subiu 1,28%, cotado em R$ 2,727. O dólar comercial, usado no comércio exterior, avançou 0,59%, para R$ 2,709.
As ações preferenciais da Petrobras, sem direito a voto, caíram 8,01%, para R$ 8,61, menor valor desde 21 de maio de 2004. Os papéis ordinários da estatal, com direito a voto, encerraram o pregão em queda de 8,11%, para R$ 8,27 --preço mais baixo desde 30 de setembro de 2004.
Em Londres, o barril de petróleo tipo Brent caiu 5,87%, para US$ 53,11. Em Nova York, o contrato mais negociado da commodity cedeu 5,03%, para US$ 50,04 --a cotação chegou a estar abaixo de US$ 50 por barril, o menor valor desde meados de 2009.
"No curto prazo, o que mais afeta as ações da Petrobras é o escândalo de corrupção dentro da empresa e seu impacto no balanço da companhia. Mas, no longo prazo, a cotação do petróleo prejudica bastante. Dependendo do nível que o preço se estabilizar, pode até inviabilizar o pré-sal", disse Fernando Góes, da Clear Corretora.
No Brasil, os investidores também acompanharam a posse do novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy.
Em seu primeiro discurso como ministro, ele afirmou que possíveis ajustes em tributos serão considerados em sua gestão, para aumentar a poupança doméstica do país.
A fala, na avaliação de Góes, ajudou "marginalmente" o mercado.
Para o analista, os operadores ainda podem digerir os nomes da equipe de Levy nos próximos pregões.
GRÉCIA E DÓLAR
Ao lado da queda no petróleo, a deterioração da crise grega elevou a aversão ao risco nos mercados internacionais, derrubando os principais índices de ações pelo mundo (veja quadro) e elevando a cotação do dólar.
O governo de coalizão à frente da Grécia não obteve sucesso na aprovação de um presidente e a escolha deverá ser feita em eleição popular. "O mercado teme que essa economia saia da zona do euro", afirmou Paulo Gala, da Fator Corretora.
Entre as 24 principais moedas emergentes, apenas três subiram em relação ao dólar: a lira turca (+0,55%), o baht tailandês (+0,06%) e o dólar de Hong Kong (+0,01%). Em relação ao euro, a divisa americana atingiu o maior nível em nove anos nesta segunda.
No mercado interno, também influenciou a menor atuação do Banco Central, que cortou o valor de leilões diários que vinha realizando, de US$ 200 milhões para até US$ 100 milhões.
Além disso, o programa de venda de contratos de "swap" cambial (equivalente a uma venda futura de dólar) foi renovado até 31 de março --até então, ele vinha sendo renovado por seis meses.
Para analistas, o corte era necessário e esperado. Em nota, o economista do Goldman Sachs Alberto Ramos afirmou acreditar que "a economia [brasileira] precisa mais de um significante e permanente ajuste fiscal, em vez de mais atuações do BC no câmbio", para que o real encontre ponto de equilíbrio.