Em meio a rumores, ações da Petrobras fecham em alta de 2,6%
Especulação sobre troca na diretoria e balanço baliza negócios; documento não havia sido divulgado até a conclusão desta edição
Após operarem boa parte do dia no vermelho, as ações da Petrobras mudaram a tendência no meio da tarde e fecharam em alta de mais de 2%. O movimento, segundo analistas, foi estimulado por boatos em relação ao balanço da companhia e a uma possível troca de sua presidente, Graça Foster.
Os papéis preferenciais da Petrobras, mais negociados e sem direito a voto, fecharam em alta de 2,62%, para R$ 10,17 cada um. Eles chegaram a cair 3,83% mais cedo, antes de subir até 4,64% ao longo da tarde. Já os ordinários, com direito a voto, encerraram a sessão com ganho de 1,05%, para R$ 9,64, após oscilar entre alta de 3,56% e baixa de 4,19% durante o dia.
O movimento amenizou a queda do principal índice da Bolsa brasileira. Depois de ter atingido baixa de até 2,52%, o Ibovespa fechou a terça no zero a zero, com ligeira valorização de 0,03%, para 48.591 pontos. O volume financeiro foi de R$ 5,716 bilhões.
Analistas citaram que a forte virada dos papéis da Petrobras pode ter refletido rumores de que o ex-presidente do BC Henrique Meirelles pudesse substituir Graça Foster.
Esse rumor já havia sido ventilado no mercado quando as denúncias de corrupção dentro da companhia, reveladas pela Operação Lava Jato da Polícia Federal, surgiram.
"Não é primeira vez que há essa especulação. É improvável, mas, se fosse confirmada, a entrada de Meirelles poderia dar um choque de credibilidade à Petrobras", diz Filipe Machado, analista da Geral Investimentos.
Dilma Rousseff, no entanto, já afirmou em outras ocasiões que não há intenção de substituir Graça Foster.
BALANÇO
A Petrobras decidiu divulgar o balanço com os resultados do terceiro trimestre sem as baixas contábeis referentes a desvios por corrupção e por perda de valor recuperável de alguns de seus ativos, informou reportagem do site do jornal "Valor" na noite desta terça (28).
O conselho de direção da estatal se reuniu ontem por quase 12 horas e concluiu que ainda não era possível identificar, entre os investimentos, o que é desvio, corrupção, erros de projeto, efeito de chuvas, variação cambial ou preços mais elevados em razão das regras de conteúdo local, relatou o jornal.
Havia no mercado a expectativa de que a Petrobras divulgasse o balanço nesta terça-feira, mais de dois meses após o prazo.
O documento seria apresentado ao conselho de administração e, se aprovado, divulgado, mas sem parecer de auditores independentes, como requer a lei.
Até a conclusão desta edição, o balanço ainda não havia sido divulgado.
O balanço a ser apresentado não atenderá à lei, mas servirá para mostrar a situação financeira da companhia.
Evita, ainda, o vencimento antecipado de dívidas por credores que exigem balanços, mesmo que não au- ditados.