Petrobras terá de "redefinir tamanho"
Graça Foster afirma que companhia precisa "apertar o cinto" e que busca por petróleo será reduzida ao mínimo
Segundo executiva, investigações de corrupção na estatal continuarão e poderão revelar novos casos
A presidente da Petrobras, Graça Foster, disse que a estatal terá que passar por uma "redefinição de seu tamanho", reduzindo investimentos nas áreas de exploração e refino, duas das principais da companhia --como explicou a executiva, a empresa terá de "apertar o cinto".
A medida é para preservar o caixa da companhia diante dos esperados impactos do reconhecimento do superfaturamento de obras em seu próximo balanço.
Segundo Graça, a campanha exploratória, que é a busca por reservas e a perfuração de poços, será reduzida ao "mínimo necessário".
Já as obras de conclusão das refinarias do Comperj, no Rio, e de Abreu e Lima, em Pernambuco, serão postas em compasso de espera até que todos os desdobramentos da Operação Lava Jato sejam conhecidos.
Em teleconferência com analistas, Graça disse que o efeito da corrupção pode ser maior e além do período inicialmente estudado, entre 2004 e abril de 2012, uma vez que as investigações de corrupção continuarão e poderão revelar novos casos.
Auditoria feita por escritórios de advocacia independentes na estatal apontou que há suspeita de superfaturamento de 31 projetos ao longo de oito anos, entre os períodos de janeiro de 2004 ao final de abril de 2012.
Pelos cálculos, a empresa teria de dar uma baixa de R$ 88,6 bilhões nos seus ativos --não só por problemas de corrupção mas também por fatores como variação nos custos de matéria-prima e falhas em projetos.
Como não seria possível distinguir qual o impacto de cada um desses problemas, o cálculo foi descartado no balanço financeiro da empresa.
INVESTIMENTO
Além das refinarias, a Petrobras também manterá parada a obra da unidade de fertilizantes, em Mato Grosso do Sul, cujo contrato com o consórcio construtor foi rompido no final do ano passado.
Essas são algumas das medidas, ainda não detalhadas, que a empresa vai tomar para cortar os investimentos em 30% neste ano.
O corte de investimentos resultará numa redução de 0,5 ponto percentual na taxa de investimento do país em relação ao PIB, calcula Alexandre Schwarstman, ex-diretor do Banco Central e colunista da Folha.
A taxa, que no passado ficou em torno de 17,5% do PIB, passaria a 17% neste ano --o menor patamar desde 2006.
A Petrobras responde sozinha por cerca de 10% do investimento do país.