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Ex-presidente do Cade critica falta de pessoal

O advogado Fernando Furlan deixou ontem o conselho; Olavo Chinaglia é o interino

LORENNA RODRIGUES
DE BRASÍLIA

O advogado Fernando Furlan, 43, deixou ontem a presidência do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), preocupado com o "caos" que pode se instalar devido à falta de pessoal para aplicar as regras do chamado "SuperCade".

A partir de junho, todas as operações de fusão ou compra de empresas que passarem pelo crivo do conselho precisarão ser julgadas antes de o negócio ser fechado.

Em entrevista à Folha, Furlan disse temer que o órgão seja obrigado a reprovar operações por "insegurança", já que não terá tempo para fazer as análises com a profundidade devida dentro dos prazos previstos.

Sob as regras atuais, o Cade chegou a levar mais de dois anos para apreciar uma fusão -como no veto à compra da Garoto pela multinacional Nestlé, em 2004.

"Depois, quando os empresários começarem a reclamar, vai sobrar não só para a gente, vai ter uma repercussão política", avisa.

A lei do "SuperCade" autorizou a criação de 200 novas vagas no conselho, mas o órgão não recebeu do Ministério do Planejamento liberação para contratar sequer uma primeira leva de 30.

"É um tiro no pé, porque o Brasil criou uma expectativa e não vai cumprir com o que se propôs. O Cade não vai parar, mas a qualidade do nosso serviço vai ficar bastante comprometida e a nossa agilidade também", completa.

Furlan prevê um ano movimentado para o Cade em 2012, principalmente em setores muito procurados pela classe média, como saúde, educação e alimentação.

Para o ex-presidente, apesar das críticas de que o conselho move montanhas para não impedir uma operação, a tendência é que o órgão continue buscando acordos com as empresas.

Foi o que aconteceu na fusão entre a Sadia e a Perdigão, julgada no ano passado, na qual o Cade negociou a venda de cerca de 30% da BRF Brasil Foods em troca do aval à operação.

" O objetivo do Cade não é vetar operação. É fazer com que ela não produza efeitos negativos na concorrência. Se você pode chegar a esse desfecho por meio do acordo, tanto melhor", completa.

Assume hoje a presidência do Cade, interinamente, o conselheiro Olavo Chinaglia, que ganha o posto por ser o integrante mais antigo.

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