Comércio exterior e investimentos freiam PIB dos EUA
País cresce 2,6% anualizados no 4ª trimestre, ante 5% nos 3 meses anteriores; no ano, expansão foi de 2,4%
Por outro lado, consumo das famílias, responsável por 2/3 da economia, teve melhor resultado em 9 anos
O crescimento dos EUA desacelerou no quarto trimestre de 2014, prejudicado por um investimento menor das empresas e resultados piores no comércio exterior. O consumo das famílias, no entanto, teve o melhor resultado em quase nove anos.
Segundo dados divulgados nesta sexta (30) pelo Departamento do Comércio, o PIB teve alta anualizada de 2,6% entre outubro e dezembro, --o mercado previa 3,2%.
A elevação foi bem menor que a registrada no terceiro trimestre, quando o crescimento foi de 5,0%.
No ano, a expansão foi de 2,4%, ante 2,2% em 2013. O número ficou pouco acima da média de crescimento entre 2010 e 2013, de 2,2%, e ainda bem abaixo da média dos anos 1990, de 3,4% anuais. No quarto trimestre, os gastos dos consumidores subiram 4,3%, o maior aumento desde os primeiros três meses de 2006.
O índice, que corresponde a mais de dois terços da atividade econômica nos EUA, foi beneficiado pela queda nos preços da gasolina --resultado da redução dos custos do petróleo-- e pelo cenário melhor no mercado de trabalho.
"O PIB foi impulsionado pelos gastos dos consumidores e pelo aumento do otimismo entre as famílias, puxado pelo início de uma elevação no salário real e pela queda da gasolina", disse o secretário do Comércio, Penny Pritzker.
Por outro lado, o investimento do setor privado cresceu apenas 1,9% no quarto trimestre, ante 8,9% nos três meses anteriores.
Entre as contribuições negativas para o resultado, ficaram os gastos do governo federal, que registraram queda de 7,5% no trimestre, em comparação com um aumento de 9,9% entre julho e setembro.
A redução foi gerada pelos gastos com Defesa, que passaram de alta de 16% para baixa de 12,5% no período.
O comércio exterior também prejudicou o resultado da economia americana nos últimos três meses de 2014. As exportações cresceram em ritmo menor, de 2,8%, ante 4,5% no trimestre anterior.
Já as importações, que contribuem negativamente para o PIB, subiram 8,9% no período. No terceiro trimestre, houve queda de 0,9%.
No total, os dois dados geraram contribuição negativa de um ponto percentual no PIB do trimestre.
PESO DA EUROPA
"O comércio provavelmente será um peso corrente para o crescimento nos próximos trimestre, com o dólar mais valorizado tornando os serviços e bens dos EUA menos competitivos. E as políticas de austeridade na Europa continuam reduzindo o crescimento em um dos nossos principais parceiros comerciais", afirmou Dean Baker, do Center of Economic and Policy Research.
Os dados de ontem são parciais e passarão por outras duas revisões. Isso por que essa primeira leitura se baseia em dados de apenas dois meses para a maioria das estatísticas. A próxima estimativa sai no dia 27 de fevereiro.