Empresa estima sobrepreço de 3% em contratos de fornecedores
Na tentativa de acalmar os mercados, a Petrobras divulgou nota nesta sexta-feira em que estimou, em média, em 3% o sobrepreço de todos os contratos de 23 empresas fornecedoras, que supostamente operaram em cartel entre 2004 e 2012 com o objetivo de elevar "preços das licitações para repasse de propina".
A estatal diz que baseou baseou seus cálculos em informações repassadas pelo Ministério Público Federal --entre elas, os depoimentos do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e de dois executivos de empresas "que participaram dos supostos atos ilícitos" investigados na Operação Lava Jato, da Polícia Federal.
O sobrepreço nos contratos, segundo a Petrobras, gerou um "efeito potencial estimado em R$ 4,06 bilhões oriundo de corrupção."
"Isso evidenciou que o balanço da companhia possui ativos com valores indevidos [sobrepreço] que devem ser baixados" nas demonstrações contábeis do terceiro trimestre de 2014, de acordo com a estatal.
Tal providência não foi tomada na divulgação dos dados do terceiro trimestre, o que provocou queda de 11% das ações na quarta (28).
Para a estatal, "é impossível precisar o valor do ajuste contábil, sendo necessário estimá-lo por aproximação".
O valor apurado (de R$ 4,1 bilhões), porém, pode ser maior, de acordo com a empresa. "Cabe ressaltar que a aplicação dessa metodologia está sujeita a revisões de valor, a depender do avanço das ações judiciais, que podem revelar, por exemplo, novas empresas e outros percentuais e períodos em que os atos ilícitos foram praticados."
VALOR JUSTO
A partir desses dados, a estatal aplicou a metodologia chamada de "valor justo dos ativos", que inclui empreendimentos em operação ou em construção. O "valor justo" representa seu valor presente, caso o projeto ou empreendimento fosse vendido.
Por essa metodologia, aplicada em 83 projetos ou unidades em operação, o valor justo abaixo do valor contabilizado no balanço da companhia em R$ 88,6 bilhões. Outros 21 ativos estavam subavaliados e seu valor justo superava em R$ 27,2 bilhões o valor contábil.
A Petrobras reiterou que descartou essa metodologia porque outros fatores, além da corrupção, interferem na avaliação dos ativos.