É preciso fazer mais com menos, diz Levy a varejistas
Em encontro com empresários, ministro da Fazenda pede união de esforços para que economia se recupere
Este é um ano de ajustes, em que será preciso fazer mais com menos. Esse foi o recado dado pelo ministro Joaquim Levy (Fazenda) a gigantes do varejo, durante reunião a portas fechadas na tarde desta quinta-feira (12).
Segundo Luiza Trajano, do Magazine Luiza, Levy traçou um cenário em que será preciso melhorar a produtividade para que a economia se recupere e pediu apoio das empresas. "Precisamos unir esforços", afirmou o ministro na reunião, de acordo com nota de sua assessoria.
Participaram da reunião 22 representantes de empresas como Avon, Walmart, Novo Mundo, Carrefour, Livraria Cultura, Lojas Americanas e as redes de farmácias Droga Raia e Drogasil.
"O setor varejista brasileiro é um dos maiores do mundo. É o que mais emprega e com certeza pode ajudar muito a criar um ambiente melhor para ajudar a trazer mais investimentos e a retomada do crescimento da nossa economia", disse Levy.
Os varejistas se comprometeram a incentivar seus clientes a poupar água e energia, depois de o ministro afirmar que, se cada casa diminuir em 2% o consumo, "vai ajudar muito", segundo o relato de Trajano. "Mas o ministro não recomendou nada."
"A gente sabe que tem uma linha direta com consumidor e que podemos ajudar com economia de energia", disse a empresária, que é presidente do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV).
Os varejistas mostraram apoio ao pacote de medidas para cortar gastos e elevar as receitas do governo, mas reclamaram da burocracia no país, que, segundo eles, suga até 3% do faturamento das empresas.
"Há pouco espaço de manobra para grandes generosidades, mas há a questão do ambiente de negócios, que tem impacto na competitividade", disse Flávio Rocha, presidente da Riachuelo, citando excesso de burocracia e a complexidade da legislação tributária como entraves.
Um dos pedidos do setor no sentido de reduzir burocracia e custos é a redução do tempo para abertura de uma grande empresa no país, que hoje é de 102 dias.
ANO RUIM
A reunião de Levy com os empresários aconteceu um dia depois de o IBGE divulgar que as vendas do varejo cresceram 2,2% no ano passado, o menor avanço em 11 anos.
O ano passado também foi difícil para a indústria, que teve um tombo de 3,2% na produção, o pior resultado desde 2009.
Para este ano, economistas consultados pelo BC preveem que o PIB vai ficar estagnado, mas, no pior cenário, há analista que estima retração de 1,7% --o mais otimista aposta em alta de 1%.