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Álcool volta a ser vantajoso em São Paulo

Corte do preço nos postos acompanha forte queda nas usinas, que reduziram valores para menor patamar desde agosto

Queda anormal de preços ocorre porque o consumo despencou; estoques são superiores ao consumo previsto

MAURO ZAFALON
COLUNISTA DA FOLHA

O preço do álcool continua surpreendendo. Após ficar desvantajoso para os consumidores já em setembro, em plena safra, volta a ficar favorável neste mês, em plena entressafra. Esse período tradicionalmente é o de menor oferta de etanol e de preços mais elevados.

O uso do álcool hidratado -o que vai diretamente no tanque- só é favorável quando ele custa 70% ou menos do valor da gasolina. Nesta semana, a relação de preços entre os dois combustíveis ficou ligeiramente abaixo desse patamar: 69,8%.

A queda nos postos ocorre porque os preços estão com forte declínio nas usinas, que reduziram os valores de comercialização para o menor patamar desde a primeira quinzena de agosto de 2011, um dos períodos de aceleração da colheita.

Essa queda fez com que os postos de São Paulo cortassem os preços médios do etanol hidratado para R$ 1,898 por litro nesta semana, 3,5% menos em 30 dias, segundo pesquisa semanal da Folha.

A queda de preço do álcool já chega aos índices de inflação. A pesquisa ponta a ponta da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) -que compara os valores médios da segunda semana de janeiro com os da segunda de dezembro- mostra redução de 2,5% nos postos.

O corte de preço nos postos não acompanha, no entanto, o ritmo das usinas. Os preços atuais praticados nos postos da cidade de São Paulo são 4% inferiores aos da segunda quinzena de novembro, período de maior aceleração. No mesmo período, as usinas reduziram em 10% o valor do etanol hidratado.

CONSUMO EM QUEDA

Essa queda anormal de preços ocorre porque o consumo despencou. Tradicionalmente por volta de 1,4 bilhão de litros mensais, os primeiros números indicam que será de apenas 700 milhões de litros neste mês.

Essa queda ocorre porque houve menor oferta de álcool e elevação dos preços durante a safra 2011/12, que está para ser encerrada.

A queda ocorre, ainda, porque os estoques atuais são superiores ao consumo previsto para os próximos meses, desde que mantido esse volume baixo de utilização de álcool pelos consumidores.

O álcool estocado vai competir, ainda, com o produto importado para a entressafra e que ainda não chegou.

A oferta maior de etanol é causada, ainda, pela desova de mais produto pelas usinas, que necessitam de caixa para a renovação de canaviais.

Além disso, em breve parte das usinas iniciará a safra 2012/13, elevando ainda mais a oferta desse combustível.

A vantagem do álcool pode não continuar até o fim da entressafra. Basta o consumo aumentar e os preços serão reajustados.

A pesquisa semanal do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Pesquisa Aplicada) apontou forte recuo nesta semana nas usinas. O hidratado recuou 5%, para R$ 1,16 por litro, o menor preços desde agosto. O anidro caiu para R$ 1,26, um recuo de 6%.

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