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Análise Conjuntura

Crise leva os investidores a fugir dos produtos básicos

GERALDO BARROS
ESPECIAL PARA A FOLHA

Investidores em fundos vinculados a commodities ficaram escaldados depois da queda acentuada de preços no decorrer de 2011, em direção contrária a que apontam os fundamentos de médio e longo prazo (de preços elevados estáveis ou em alta).

De abril a dezembro, o índice CRB de preços em dólares de commodities em geral caiu 18%. Segundo o FMI, o índice de metais caiu 23%, o de alimentos e bebidas, 16%, e o de energia, 8%.

Os investidores, contando com abundante liquidez acumulada ao longo da última década, aumentaram as aplicações em commodities nos últimos três a quatro anos, estimulados pelo boom de preços iniciado em 2007 e que se prolongou até parte de 2011.

Desde então, a cautela foi redobrada -deixando o mercado, mudando posição e reduzindo investimentos em índices de commodities.

No caso das commodities agropecuárias, pesam também informações do Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) de que 2012 poderá ser um ano com suprimento mundial um pouco menos apertado e alguma recuperação de estoques.

Enfatize-se, porém, que, mesmo diante de quedas importantes, os preços agropecuários permanecem em níveis historicamente elevados.

É interessante observar, no entanto, que, diferentemente dos investidores, os produtores brasileiros não tomaram grandes sustos.

No mesmo período, abril a dezembro de 2011, enquanto caíam as cotações em dólares da soja em grão (16%), do café (20%), do milho (19%), os preços em reais no mercado interno da soja subiram (1%) e os do café (6%) e do milho (6%) cederam comparativamente pouco.

Para o açúcar e a carne bovina, os preços externos e internos tiveram quedas moderadas: 2% para ambos em dólares e 4% para o açúcar e 2,4% para o boi em reais.

O que levou à suavização da queda de preços no mercado interno foi a desvalorização do real (16%), que mantém seu "efeito gangorra" com os preços externos.

Por enquanto, os investidores potenciais em commodities permanecem em aplicações muito mais seguras, como fundos de "money market" e mesmo em ouro e metais preciosos.

Para o agronegócio, isso quer dizer que a liquidez continua existindo e a crescer, ficando reservada para uso oportuno, quando ficar mais claro que os mercados de commodities retomarão as tendências de alta.

Quando isso vai acontecer? Essa é a pergunta que os administradores de fundos gostariam de poder responder, mas não sabem como. Enquanto isso, a liquidez permanece empoçada.

GERALDO BARROS é professor titular da USP/Esalq e coordenador científico do Cepea/Esalq/USP.

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