França recomenda ação contra HSBC da Suíça
Governo Dilma pediu oficialmente documentos do SwissLeaks aos franceses
Informações vazadas por funcionário de banco indicam esquema para sonegar impostos; brasileiros são listados
A Promotoria de Crimes Financeiros da França recomendou a abertura de processo contra a divisão de serviços bancários para alta renda do HSBC na Suíça sob suspeita de sonegação de impostos em benefício dos clientes.
A recomendação segue-se a uma longa investigação por uma suposta fraude tributária envolvendo 3.000 contribuintes do país. O banco tem um mês para responder, antes que os juízes decidam levá-lo ou não a julgamento.
A holding do HSBC, que enfrenta outra investigação na França, afirmou que esse "é um passo normal no procedimento judicial e a questão ainda não teve desfecho".
O banco tem um mês para responder, antes que magistrados franceses tomam a decisão final sobre conduzi-lo ou não a julgamento.
Segundo o jornal "Le Monde", o banco recusou um acordo para encerrar o processo mediante o pagamento de € 1,4 bilhão em multas.
O HSBC, que admitiu falhas em seus procedimentos de fiscalização e controle na unidade suíça, é alvo de dez inquéritos pelo mundo após vir à tona que o banco teria ajudado clientes a ocultar milhões de dólares até 2007.
O escândalo, que ficou conhecido como SwissLeaks, estourou com a publicação de informações vazadas por um funcionário francês do banco a um consórcio de jornalistas em fevereiro.
O presidente-executivo do HSBC, Stuart Gulliver, afirmou que as revelações são vergonhosas e prometeu uma "limpeza", mas se eximiu das ações da subsidiária suíça.
O "Guardian" relatou que Gulliver tinha conta pessoal na unidade suíça e usou empresa panamenha para canalizar ganhos. O executivo admitiu o arranjo, desfeito em 2009, mas disse que o intuito era proteger sua privacidade.
BRASIL
O Ministério da Justiça do Brasil fez contatos diplomáticos pelo acordo de cooperação bilateral com a França para trazer do país os documentos do SwissLeaks e checar o envolvimento dos brasileiros.
Segundo o secretário nacional de Justiça, Beto Vasconcelos, as informações devem chegar em até um mês.
Eventuais processos judiciais no país só podem usar documentos enviados por canais oficiais de cooperação.
Até que essas informações cheguem, porém, o governo brasileiro "adianta as investigações" com a lista vazada à imprensa, disse Gerson Schaan, chefe da Coordenação de Pesquisa e Investigação da Receita Federal.
Ministério da Justiça, Receita, Polícia Federal, Banco Central, Ministério Público e Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) trabalham na operação desde 11 de fevereiro, sem previsão para concluí-la.