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Finanças Pessoais

MARCIA DESSEN - marcia.dessen@bmibrasil.com.br

Você conhece e acompanha a carteira do seu fundo de investimento?

Há basicamente duas maneiras de aplicar no mercado financeiro e de capitais. Uma delas é fazer isso diretamente, assumindo o comando de tudo o que deve ser feito.

Analisar o cenário econômico, avaliar as tendências em relação ao mercado de juros, moedas e ações, entre outros, conhecer os produtos de investimento disponíveis no mercado, pesquisar e negociar taxas e preços com as instituições financeiras e, finalmente, tomar a decisão do que fazer com o dinheiro.

Dinheiro que você poupou e quer investir para atingir determinado objetivo, em um dado período de tempo.

Não é tão simples, não é mesmo? Mas essa é a vida de quem aplica, por exemplo, em CDBs (Certificado de Depósito Bancário), LCI (Letras de Crédito Imobiliário), LH (Letra Hipotecária), CRI (Certificados de Recebíveis Imobiliários), Tesouro Direto e ações direto em Bolsa.

Outra forma de investir é contratar a prestação de serviço de um especialista que faz isso tudo pra você. Basta escolher uma instituição de sua confiança e selecionar um fundo de investimento cujo objetivo combine com o seu plano de investimento.

Para isso, você deve ler atentamente o prospecto do fundo, que define as bases segundo as quais o seu patrimônio será administrado.

O documento indica, além do objetivo (onde quer chegar), a política de investimento (como pretende chegar lá). Revela quais são os riscos potenciais que você vai correr na tentativa de atingir o objetivo proposto pelo fundo.

Os riscos são os mesmos que você correria se estivesse cuidando de sua carteira por conta própria. Mas, com a adesão a um fundo, você transfere para o administrador e outros prestadores de serviço a responsabilidade de selecionar os ativos que irão agregar valor ao seu patrimônio e compensar o risco.

Risco de crédito, presente nos instrumentos de renda fixa; risco de elevação na taxa de juros, presente nas operações de taxa prefixada; risco de inflação, que pode subir e anular os rendimentos da carteira; risco de mercado, decorrente da oscilação nos preços dos ativos que compõem a carteira; risco de liquidez, presente em uma carteira com ativos mais longos; e risco de alavancagem, quando o gestor utiliza derivativos para turbinar a carteira em busca do desempenho esperado.

MODALIDADES

São muitas as modalidades de fundos disponíveis no mercado. Dos mais conservadores (fundo de curto prazo e fundo referenciado DI) aos mais agressivos (fundo multimercado e fundo de ações).

Mas é possível encontrar diferenças significativas entre fundos de uma mesma modalidade. Em fundos de renda fixa, por exemplo, é possível encontrar um que invista somente em títulos públicos (considerados livres do risco de crédito) e outro que invista pesadamente em títulos privados (risco de crédito mais alto).

No caso de fundos multimercado, é possível optar por um que tem uma carteira diversificada, mas moderada, com baixa participação em ações e estratégias conservadoras no mercado de derivativos, que são usados somente para proteger a carteira.

Outro pode adotar estratégia oposta e mergulhar no risco em busca de oportunidades e retorno elevado.

O MELHOR

Não existe nem melhor nem pior. Existe o fundo que combina com você, com o seu perfil de risco e com o seu objetivo de investimento.

Não se esqueça de que existe um custo a ser pago por essa prestação de serviço, representado pela taxa de administração e, em alguns casos, pela taxa de performance, entre outras despesas.

A taxa de administração é expressa em termos anuais e incide sobre o seu patrimônio, qualquer que seja o desempenho, positivo ou negativo. Ela remunera a mera prestação de serviço.

A taxa de performance incide somente sobre o valor que o fundo agregou ao seu patrimônio acima de determinado parâmetro. Defina quanto você está disposto a pagar por esse serviço.

A taxa deve remunerar o serviço sem, entretanto, sangrar demais os seus rendimentos e patrimônio.

MONITORE

Ninguém vai cuidar do seu dinheiro melhor do que você. Acompanhe a prestação de serviço pela qual você paga. Dê uma olhadinha na composição da carteira do seu fundo de investimento, de vez em quando. A rentabilidade é determinada por ela.

Ganhos e perdas não acontecem por acaso. São resultado de estratégias assumidas pelo fundo com o seu dinheiro. Verifique se o serviço está sendo prestado respeitando o contrato assinado.

Observe se você está confortável com o nível de risco. E converse francamente com o seu administrador se algum desconforto surgir.

Solicite a composição da carteira ao administrador. Se preferir, use o site da CVM (Comissão de Valores Mobiliários). No papel de órgão regulador e fiscalizador dos fundos de investimento, ela fornece a composição de todos os fundos distribuídos publicamente.

Acesse www.cvm.gov.br e busque, no acesso rápido, por fundos de investimento. Digite o CNPJ ou o nome completo do fundo. Depois selecione um mês que permita consultar a composição da carteira em detalhe; há um período "velado" de cerca de três meses, autorizado pela CVM, durante o qual os detalhes são mantidos em segredo.

Se o seu fundo for um FIC (fundo de investimento em cotas), você terá um pouco mais de trabalho. Precisa consultar a carteira do FI (fundo de investimento) para obter os detalhes.

Monitore, entenda, faça perguntas. Afinal, é o seu patrimônio. Zele por ele.

MARCIA DESSEN, certified financial planner, é sócia e diretora-executiva do BMI Brazilian Management Institute, professora convidada da Fundação Dom Cabral e cofundadora do Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros.

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