Shell mira Brasil e oferece US$ 70 bi pela BG
Negócio, que depende do aval de acionistas, fará do grupo o maior parceiro da Petrobras
Negócio é avaliado como aposta em forte recuperação, a partir de 2018, do preço do petróleo hoje em baixa
Em uma negociação que terá impacto no Brasil, a petrolífera anglo-holandesa Shell anunciou nesta quarta-feira (8) a proposta de compra da gigante britânica BG Group numa transação estimada em US$ 70 bilhões.
A fusão, que ainda precisa ser aprovada por acionistas e órgãos reguladores, pode transformar o grupo no principal parceiro da Petrobras, conforme destacou a Shell em comunicado ao mercado.
O negócio é considerado também o maior da década no setor --a mais recente transação desse porte ocorreu entre 2004 e 2005, quando a mesma Shell se uniu à holandesa Royal Dutch.
Será a primeira grande aquisição no mercado após o declínio do preço do petróleo, em junho de 2014.
Os analistas estimam que a nova empresa terá um valor de US$ 296 bilhões. No Reino Unido, a oferta foi recebida como aposta em forte recuperação dos preços do petróleo a partir de 2018.
Em um comunicado, a Shell disse esperar que o novo grupo seja o "principal parceiro da Petrobras" no desenvolvimento em "águas profundas no Brasil nas próximas décadas".
O presidente-executivo da empresa, Ben Ven Beurden, destacou que a chance de crescer no país foi um dos atrativos para selar o negócio.
A estimativa é que, com a união com a BG, em uma década a produção no Brasil possa crescer de 52 mil barris de petróleo por dia (volume que inclui a extração de gás) para 550 mil barris diários.
A BG já é a mais importante sócia da Petrobras, com participação minoritária em cinco áreas do pré-sal na bacia de Santos.
Produziu, em fevereiro, 109 mil barris ao dia --volume que a coloca como a segunda maior produtora do país, atrás da Petrobras.
A Shell é a quarta maior produtora do Brasil. Após o negócio com a BG, a companhia assumirá a segunda posição, com 152 mil barris.
A anglo-holandesa atua em uma área chamada Parque das Conchas, que reúne campos do pós-sal (acima da camada de sal que delimita o pré-sal) da bacia de Campos.
Ainda é sócia do consórcio vencedor para a exploração do campo de Libra, leiloado em 2013. Ela tem 20% da reserva, adquirida por R$ 15 bilhões em parceria com a Petrobras (40%), a francesa Total (20%) e as chinesas CNPC (10%) e CNOOC (10%).
Mesmo com a compra da BG, a Shell ainda continua atrás da líder do mercado, a americana ExxonMobil.
A empresa estima que a aquisição deve aumentar 25% suas reservas de petróleo e gás natural. (LEANDRO COLON E PEDRO SOARES)