PwC começa a auditar balanço da Petrobras; conselho vota no dia 22
Ações da companhia estatal já subiram 50% desde 30 de janeiro, quando atingiram piso histórico
Cálculo de perdas com propina foi aprovado por reguladores do mercado e deve ser mencionado nas notas
O conselho de administração da Petrobras vai se reunir no próximo dia 22 para avaliar as demonstrações financeiras em atraso da companhia, já com o aval dos auditores independentes.
A expectativa é divulgar o balanço do terceiro trimestre de 2014 e o resultado anual após a aprovação do conselho, informou a petroleira em comunicado ao mercado divulgado nesta segunda (13).
Segundo a Folha apurou, a PwC, que vinha se recusando a assinar o balanço, já está auditando os números.
A auditoria só iniciou o trabalho após a SEC (órgão regulador do mercado nos Estados Unidos) ter aprovado a metodologia que será utilizada pela Petrobras para calcular as perdas provocadas pela corrupção descoberta na Operação Lava Jato.
A estatal pretende ajustar o valor dos seus ativos, mas ele só aparecerá de forma individualizada no caso dos que tenham sido postos à venda ou paralisados.
Além disso, a Petrobras deve esclarecer nas notas explicativas que perdeu de R$ 5 bilhões a R$ 6 bilhões em propina paga pelos fornecedores a ex-funcionários, conforme depoimentos de delatores do esquema à Polícia Federal.
"Para nós, não interessa se a baixa contábil é alta ou baixa. O que nós queremos é o balanço assinado pelo auditor e com aval da SEC", disse à Folha Daniela da Costa-Bulthuis, gestora de mercados emergentes da Robeco e porta-voz de um grupo de 14 grandes fundos estrangeiros que possuem ações e títulos de dívida da Petrobras.
O atraso na divulgação do balanço preocupava o mercado, pelo risco de vencimento antecipado de dívidas e de que seu selo de bom pagador fosse retirado por outra agência além da Moody's.
AÇÕES DISPARAM
As ações da Petrobras tiveram forte alta pelo terceiro dia consecutivo. Os papéis preferenciais (mais negociados e sem direito a voto) subiram 3,81%, para R$ 12,27, e os ordinários (com direito a voto), 4,99% para R$ 12,42.
Desde que atingiram seu menor patamar em dez anos, em 30 de janeiro, as ações da petrolífera subiram mais de 50%. Os papéis preferenciais acumulam ganho de 50%, e os ordinários, de 54,5%.
Agências de notícias divulgaram ontem que a Petrobras quer se desfazer de sua participação na petroquímica Braskem, mas que o negócio ainda é "embrionário".
Em comunicado divulgado à noite, a estatal não negou a informação e disse que sua lista de ativos à venda pode mudar dependendo das condições do mercado.