Setor diverge sobre necessidade de regulação
A manipulação de nanopartículas permite conferir novas características a materiais, como maior permeabilidade e precisão.
Por outro lado, elementos tão pequenos podem entrar na corrente sanguínea, causar inflamação celular e pesquisas já apontaram que alguns nanomateriais são potencialmente cancerígenos, de acordo com o professor Guilherme Lenz e Silva, da USP.
Uma das soluções apontadas para garantir segurança dos produtos é a regulação da tecnologia, nos moldes do que foi feito com a lei de biossegurança.
Célio Cabral, gerente de inovação e tecnologia do Sebrae, defende que uma regulação também pode ajudar a tornar a área mais atrativa para investidores.
Para José Martins, da Nanotimize, que incorpora tecnologias a produtos farmacêuticos, a empresa foi prejudicada pela falta de regulação. Ele diz que as empresas temem investir em nanotecnologia porque não há critérios claros que balizem o que pode ou não ser feito.
"Como os nanomateriais são relativamente novos, não há um estudo sobre o efeito no organismo no longo prazo", diz o professor Lenz e Silva. Outro problema é como descartar os resíduos da produção.
Ainda assim, ele questiona a necessidade de uma regulação. Independentemente de incorporar nanotecnologia ou não, qualquer cosmético ou medicamento precisa ser registrado na Anvisa, o que garante a segurança, diz.
Maria Luisa Leal, diretora da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial, concorda com a lógica. Ela não se diz contra uma regulamentação, mas afirma que "quando a Anvisa registra um produto, ela garante que ele tem eficácia, qualidade e segurança".