Circulação se torna principal fonte de receita para jornais
Dos US$ 179 bi movimentados por veículos de 70 países em 2014, 51,4% vieram da circulação; leitura em smartphones deve liderar
Pela primeira vez, as receitas dos jornais no mundo vieram mais da circulação do que da publicidade, segundo relatório divulgado nesta segunda (1º) pela Associação Mundial de Jornais e Publishers de Jornais (WAN-IFRA).
"Podemos dizer que a audiência se tornou a maior fonte de receita de quem publica jornais", disse Larry Kilman, secretário-geral da WAN-IFRA, na abertura do congresso anual da entidade.
Da renda estimada de US$ 179 bilhões (R$ 569 bi) que os jornais movimentaram em 2014, US$ 92 bilhões (R$ 292 bi) vieram da circulação e US$ 87 bilhões (R$ 276 bi) vieram da publicidade. No passado, 80% da receita já chegou a vir da publicidade.
O relatório, que estuda 70 países (incluindo o Brasil) responsáveis por 90% do mercado de jornais no mundo, aponta que o futuro será dominado por celulares.
O consumidor global já gasta quase 2,2 horas por dia com aparelhos móveis (97 minutos no smartphone, 37 minutos no tablet), 37% do tempo diário dedicado à mídia.
Em seguida vêm TV (81 minutos), computador (70), rádio (44) e impresso (33). Pela primeira vez, o tempo gasto diante do computador caiu.
A circulação digital paga aumentou 56% em 2014 e 1.420% entre 2010 --quando diversos jornais começaram a cobrar assinaturas de suas versões on-line-- e 2014.
A Folha foi pioneira no Brasil a adotar o "paywall poroso": desde 2012, o leitor tem acesso gratuito a um número limitado de reportagens e, para usufruir todo o conteúdo, paga a assinatura.
Mas 93% das receitas dos jornais ainda vêm de suas versões impressas. Ao mesmo tempo, jornais estão diversificando suas fontes, saindo do modelo dependente de publicidade e circulação para os "multidimensionais", segundo Kilman.
Apesar de representar ainda uma parcela pequena da receita dos jornais, a publicidade digital cresceu 8%, em 2014, e 59%, entre 2010 e 2014. Os maiores beneficiários desse crescimento de publicidade digital, porém, são Google (que fica com 38% do total) e Facebook (10%).
Na publicidade nos jornais impressos, a América Latina continuou a ser a região que registrou a maior alta em 2014, de 4,86% em relação ao ano anterior, superando Oriente Médio e Norte da África (2,2%). Nas demais regiões do globo, ela caiu.
A circulação impressa de jornais cresceu 6,4% em 2014, especialmente por causa da Ásia (alta de 9,8%). O mercado da Índia é considerado o mais saudável no mundo para jornais impressos, com diversas novas publicações sendo lançadas por ano.
Nos países desenvolvidos, a circulação impressa caiu.