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Análise

Crise europeia traz ameaça para o setor também no Brasil

Cadeia produtiva da construção civil no país tem crescido a taxas elevadas, com participação maior no PIB

MÁRCIO A. SALVATO
REGINALDO P. NOGUEIRA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Têm-se falado muito sobre boom imobiliário, programas de alavancagem do crescimento com investimentos em infraestrutura, necessidade de investimentos em arenas esportivas, expansão de crédito para financiamento da casa própria e maior aporte em linhas do BNDES para alavancar o crescimento.

Essas iniciativas e projetos têm um ponto comum: a construção civil.

Por isso mesmo, o setor da construção civil tem crescido a taxas elevadas, aumentando sua participação no PIB.

Dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME-IBGE) mostram que, em dezembro do ano passado, 7,7% da população empregada estava alocada na construção civil.

De 2003 a 2010 a taxa média de crescimento do PIB brasileiro foi de 4,4% ao ano, enquanto a taxa média de crescimento para esse setor foi de 5,2% ao ano, o que levou a um aumento da participação do setor no PIB de 4,28% para 4,5%.

Em relação à participação no setor industrial, a construção civil passou de 19,1% para 21,5% no mesmo período. Esse crescimento recente tem levado a uma maior demanda por profissionais da área, pressionando os salários.

Dados da PME-IBGE mostram que o rendimento médio em dezembro de 2011 foi de R$ 1.467,90, representando um aumento de 13,4% em comparação com o mesmo período do ano anterior.

É interessante notar que a construção civil é um setor que sofre bastante em períodos recessivos, porque depende diretamente da disponibilidade de crédito e demanda de investimentos.

Na crise internacional de 2009, o setor amargou um decrescimento de 0,74%, enquanto o PIB brasileiro encolheu 0,33%.

Por outro lado, no período de recuperação pós-crise, o setor cresceu à taxa de 11,65%, enquanto a economia brasileira avançou à média de 7,53%.

Seguindo esse raciocínio, pode-se imaginar que o crescimento do setor também será afetado em 2012 com um possível agravamento da crise da dívida europeia.

Uma avaliação recorrente sobre o setor é que é muito informal, seja na formalidade da pessoa jurídica, seja na contratação de mão de obra.

Os dados mostram que isso está mudando. Pela PME-IBGE, o percentual de empregados com carteira assinada no setor passou de 24,8% em dezembro de 2003 para 40,9% em dezembro de 2011.

MÁRCIO SALVATO é coordenador do curso de economia do Ibmec; REGINALDO PINTO NOGUEIRA JÚNIOR é coordenador do curso de relações internacionais do Ibmec.

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