Petrobras anuncia corte de US$ 76,5 bi
Estatal reduz previsão de investimentos até 2019, premida por endividamento e por dificuldade de caixa
Presidente da empresa, Aldemir Bendine, diz que plano foi feito com "ousadia" e segue "uma nova realidade"
O primeiro plano de investimento da gestão de Aldemir Bendine na presidência da Petrobras teve corte nos investimentos, ativos postos à venda e redução das estimativas de produção para os próximos anos. O anúncio foi feito nesta segunda-feira (29).
O objetivo é aliviar o caixa e reduzir o endividamento. A Petrobras pretende dar prioridade a investimentos na área de exploração e produção, que gera maior retorno, e cortar gastos em setores não considerados estratégicos.
As mudanças propostas dentro do Plano de Negócios e Gestão para o período de 2015 a 2019 incluem corte de US$ 76,5 bilhões em investimentos e a venda de ativos não considerados estratégicos no valor de US$ 57,7 bilhões.
O plano para o período de 2015 a 2019 prevê investimentos de US$ 130,3 bilhões, queda de 37% em relação aos US$ 206,8 bilhões do plano anterior, para o período 2014-2018.
A estatal desconsiderou US$ 13,8 bilhões em projetos em avaliação que faziam parte da projeção anterior. Se esse valor fosse mantido, o corte seria ainda maior, de pouco mais de US$ 90 bilhões --em vez dos US$ 76,5 bilhões.
"Nosso principal objetivo foi colocar a empresa em rumo gerencial correto, olhando esse novo cenário do mercado de óleo e gás", disse Bendine, para quem o plano foi aprovado dentro "de uma nova realidade".
A Petrobras sofreu nos últimos anos com a queda do preço do petróleo, com a alta do dólar, que encarece sua dívida, e com a impossibilidade de poder reajustar os combustíveis em paridade com a cotação internacional, além das perdas geradas por superfaturamentos do esquema investigado pela Lava Jato.
DÍVIDA
A Petrobras precisa diminuir sua dívida, hoje em torno de R$ 332 bilhões. O objetivo é diminuir a relação entre a dívida líquida e a geração de caixa, importante indicador da saúde financeira de um companhia. Esse indicador era, no primeiro trimestre, de 3,8 vezes. A meta é chegar a 3 vezes até 2018 e depois reduzir a 2,5 vezes.
A empresa descartou a emissão de novas ações, como previsto no plano anterior.
Bendine também afirmou que não está previsto reajuste da gasolina no curto prazo, apesar da defasagem dos valores no mercado doméstico.
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folha.com/no1649465