Rombo na energia será coberto no reajuste anual
Na Eletropaulo, tarifas residenciais estão 17% mais caras desde sábado
Além do descasamento de R$ 1,6 bilhão com as bandeiras, setor estima deficit de mais R$ 4 bi em sobras de 2014
Embora já tenha arcado com aumento extra na conta de luz de R$ 3,9 bilhões só de janeiro a abril com as bandeiras tarifárias, o consumidor deve acabar pagando por mais um rombo neste ano.
Segundo dados da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), o sistema de bandeiras tarifárias, que eleva mensalmente as contas (veja quadro nesta página), não foi suficiente para cobrir os gastos extras das distribuidoras com o uso das térmicas e com a compra extra de energia.
De janeiro a abril, as despesas somaram R$ 5,5 bilhões. A diferença, de R$ 1,6 bilhão, vem sendo absorvida pelo caixa das distribuidoras.
Segundo a Folha apurou, as elétricas foram à Aneel demonstrar preocupação com o cenário, uma vez que elas estimam só poder suportar descasamentos de até R$ 1 bilhão sem comprometer as atividades ou os investimentos.
Projeções feitas pelo setor, porém, apontam que a conta pendente é ainda maior: um deficit superior a R$ 4 bilhões.
Nesse cálculo, além do descasamento das bandeiras, as distribuidoras consideram quase R$ 2,5 bilhões em aberto com despesas em 2014.
O valor foi gasto com a compra adicional de energia contratada em leilão e com o pagamento das tarifas de transmissão que sofreram ajuste, ambos ainda não restituídos ao caixa das empresas.
DESCOMPASSO
A consequência direta do descompasso deve ser o maior repasse de custos para as tarifas nas datas dos reajustes ordinários anuais, que vão até dezembro de acordo com o aniversário do contrato de cada empresa.
Oficialmente, a Aneel confirma que despesas do ano passado afetarão os reajustes até dezembro, mas diz que o deficit das bandeiras tarifárias será eliminado nos próximos meses.
Fora as bandeiras tarifárias, o consumidor enfrenta neste ano outros dois aumentos. O primeiro, já aplicado, foi o reajuste extraordinário que elevou as contas em até 40%. Esses aumentos são atribuídos ao uso intensivo de usinas térmicas, mais caras.
O segundo, em aplicação, é o ordinário, que pode ser feito de fevereiro e a dezembro, a depender da empresa.
É nesse momento em que se espera o repasse do deficit atual para os consumidores.
Foi o que aconteceu neste sábado (5) com os clientes da Eletropaulo, em São Paulo, quando começou a vigorar aumento de 17,03% --percentual para residências.
No caso da distribuidora, o reajuste foi concedido na revisão tarifária, que ocorre a cada quatro anos e substitui o aumento ordinário anual.
Desde o início do ano, a conta para o consumidor residencial da Eletropaulo já subiu, em média, 74,71%.