Entenda a crise grega
1 O que significa a opção pelo "não"?
Ao votar "não", os gregos decidiram recusar a proposta de acordo feita pelos credores, que em contrapartida exigiam do país aumento de impostos, corte de gastos e reforma profunda no sistema de previdência.
2 O que acontece agora?
A Grécia pode deixar a zona do euro. Seu destino no bloco começa a ser discutido nesta terça (7), em Bruxelas. O encontro foi solicitado pela chanceler alemã, Angela Merkel, e pelo presidente francês, François Hollande. O primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, deve participar.
3 Bilhões de euros foram injetados na economia grega e não funcionaram. O que os gregos querem agora?
O governo grego fez dois pedidos no último dia 30. O primeiro, já recusado, era que o atual programa de ajuda fosse estendido. Esse programa garantiria o acesso do país a € 7,2 bilhões, dinheiro importante para pagar o funcionalismo e os credores externos --inclusive a dívida de € 1,6 bilhão com o FMI, que venceu na terça (30). A segunda proposta é que eles tenham acesso aos fundos do programa europeu de ajuda lançado em 2012. Os europeus ainda vão analisar esse pedido.
4 Não seria mais fácil dar logo os € 7,2 bilhões? Esse dinheiro está congelado há quase um ano porque os credores exigem que a Grécia cumpra sua parte nas reformas prometidas.
A interpretação é que entregá-lo seria um mau exemplo não só para a Grécia, mas também para outros países, que futuramente poderiam, à base de ameaças, receber dinheiro sem garantir as contrapartidas.
5 Sem dinheiro, como a Grécia vai pagar o funcionalismo, os aposentados e os fornecedores?
Essa é uma dúvida que deve ser resolvida nas próximas semanas. Uma hipótese é que o governo emita algum tipo de título (o governo da Califórnia fez isso em 2009) com a promessa de pagamento futuro. Esses papéis costumam ser aceitos no comércio, mas com alguma forma de deságio.
6 Por que a crise grega parece não ter fim?
A crise da economia grega, como a de outros países europeus, começou em 2008, na esteira da crise americana e ganhou contornos próprios no ano seguinte, quando foi descoberto que o país maquiava as contas públicas. Sua dívida, na verdade, era muito maior. Desde então, apesar dos programas de resgaste (ou por causa deles, segundo seus críticos), a economia não conseguiu engrenar: o desemprego permanece alto (25,6%) assim como a dívida pública (177% do PIB).
7 Quais os riscos da crise para o Brasil?
O ministro Joaquim Levy afirmou na semana passada que o país está "relativamente confortável" para enfrentar um calote grego. Além do impacto nos mercados financeiros, um risco para o Brasil é que os problemas gregos se espalhem para o resto da União Europeia, responsável por quase 20% das exportações brasileiras.