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Indústria do suco admite mudar fungicida

Todos os produtores brasileiros usaram o carbendazim na última safra; americanos continuarão a fazer testes

EUA compraram, em 2011, US$ 344 mi em suco brasileiro, o que representa 13% das exportações

Márcia Ribeiro/Folhapress
Colheita de laranja em Matão, interior de São Paulo; produtores podem substituir agroquímico usado nos pomares
Colheita de laranja em Matão, interior de São Paulo; produtores podem substituir agroquímico usado nos pomares

TATIANA FREITAS
DE SÃO PAULO

Os EUA barraram cinco cargas de suco de laranja brasileiro com teor acima do permitido de um produto usado para combater doenças nos pomares. O fungicida carbendazim é liberado no Brasil, mas não em solo americano.

A agência que supervisiona alimentos e remédios nos EUA (FDA) está recolhendo amostras de cargas de suco importadas desde o início do mês, após o alerta de uma empresa local sobre o fungicida.

De 80 cargas avaliadas, 11 apontaram a presença de carbendazim acima do limite de 10 partes por bilhão (ppb), ou 10 gramas do fungicida para mil toneladas de suco.

Dessas, cinco partiram do Brasil. Cada carga representa um navio, que pode transportar entre 15 mil e 40 mil toneladas do produto.

As outras seis cargas reprovadas são do Canadá, que compra suco do Brasil para revendê-lo após misturas.

No nível encontrado, o carbendazim não prejudica a saúde, mas em doses altas pode causar danos ao fígado.

Os importadores terão 90 dias para exportar ou destruir o produto rejeitado. Segundo a FDA, 29 cargas passaram no teste, sendo duas do Brasil.

Os testes continuarão para autorizar a entrada do suco no país. O mercado continua aberto para o Brasil, mas, na prática, poucas cargas poderão entrar no país, pois todos os produtores usaram o fungicida na última safra.

Diante da possibilidade de ter mais cargas detidas, a indústria brasileira foi aos EUA propor um limite maior para o fungicida, de 55 a 60 ppb. "Pedimos que o suco concentrado seja avaliado na mesma proporção que o suco consumido", diz Christian Lohbauer, presidente da CitrusBR (Associação dos Exportadores de Sucos Cítricos).

O setor também já admite a substituição do carbendazim por outra substância. "Mas precisamos de 18 meses para garantir que não haverá mais resíduos", diz Lohbauer.

Sem divulgar estimativa para o impacto econômico dessa devolução, a indústria minimiza os efeitos do problema nos EUA, que em 2011 compraram US$ 344 milhões em suco brasileiro. "Eles representam 13% de nossas exportações", diz Lohbauer.

Mas grandes indústrias brasileiras estão instaladas nos EUA, o que faz daquele país um mercado estratégico.

Além disso, muitos países seguem os americanos nesse tipo de decisão. Desde o início dos testes pela FDA, a CitrusBR tem sido procurada para prestar esclarecimentos. A União Europeia, principal destino do produto, é um dos mercados que avalia o tema.

"Os países serão cada vez mais exigentes em relação aos resíduos", diz Maurício Mendes, presidente da Informa Economics FNP.

O mercado respondeu à devolução das cargas. Na contramão das demais commodities, o primeiro contrato de suco subiu 2% em Nova York.

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