Após vender 'Financial Times', Pearson negocia 'Economist'
Editora britânica pretende se dedicar à educação, segmento responsável por até 90% do faturamento do grupo no mundo
Poucos dias após anunciar a venda do grupo Financial Times para a japonesa Nikkei, a editora britânica Pearson confirmou neste sábado (25) que está negociando com seus sócios os 50% de participação que possui no The Economist Group, que edita uma das mais prestigiosas revistas do mundo, "The Economist".
Se concluída, a operação será mais um passo para transformar a Pearson numa empresa voltada exclusivamente a negócios de educação. A única participação relevante em outras áreas seria a fatia de 47% na editora Penguin Random House.
A Exor, braço de investimentos da família Agnelli que já possui 5% do grupo, confirmou que pretende aumentar seu investimento na companhia, mas deve continuar como sócia minoritária.
Os Agnelli, donos da Fiat, vêm diversificando seus negócios, antes fortemente industriais. A Fiat é a maior acionista do grupo de mídia RCS, que publica o jornal italiano "Corriere della Sera".
Os 50% de participação da Pearson estão avaliados em 400 milhões de libras (o equivalente a pouco mais de R$ 2 bilhões pelo câmbio deste sábado, 25). O valor é inferior ao pago pelo grupo FT: £ 844 milhões (US$ 1,3 bilhão, ou R$ 4,32 bilhões).
O grupo Economist, no entanto, é mais lucrativo que o FT. No último ano fiscal, os ganhos operacionais foram de 60 milhões de libras, contra £ 24 milhões do FT.
Outros potenciais compradores são as três famílias que detêm a maioria das ações restantes: os Schroder, os Cadbury e os Rothschild.
Segundo o "Financial Times", espera-se um acordo "até o final do verão" (até setembro, no hemisfério norte).
VENDA PRÉVIA
Na última quinta-feira (23), a Pearson já havia anunciado a venda do grupo que edita o jornal econômico "Financial Times", um dos mais influentes do mundo.
A transação incluiu o site do diário, o "FT.com", e a revista "The Banker". No cargo desde 2013, o presidente da Pearson, John Fallon, disse que o grupo decidiu vender o jornal –do qual era dono desde 1957– para priorizar o setor educacional, responsável por 90% da receita.
O grupo comprou, há dois anos, a rede brasileira de escolas de idiomas Wizard, por R$ 2 bilhões.
Lançada em 1843, a "The Economist" foi responsável por algumas das principais críticas internacionais à gestão econômica brasileira.
Enquanto em 2009 publicou a capa em que o Cristo Redentor decolava, em 2013 o mesmo Cristo aparecia desgovernado. No ano passado, antes do segundo turno que opôs a então candidata Dilma Rousseff a Aécio Neves (PSDB), a revista defendeu que o Brasil precisava mudar e pediu voto para o tucano.