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Remessa de brasileiro é a menor desde 2002

Com crise no exterior e retorno de expatriados, cai o volume de dinheiro enviado por imigrantes ao país, aponta BC

Melhora da economia no Brasil reduziu a comunidade nos EUA em 20% desde 2008, segundo estimativas

ÁLVARO FAGUNDES
PATRÍCIA CAMPOS MELLO
DE SÃO PAULO

O imigrante brasileiro está mandando cada vez menos dinheiro para casa, diante da crise no Japão, nos EUA e na Europa e do movimento de retorno dos expatriados.

No ano passado, as remessas de brasileiros no exterior chegaram ao nível mais baixo desde 2002 -US$ 1,97 bilhão, diz o Banco Central. Na comparação com 2008, início da crise, a queda foi de 32%.

Segundo Luiza Lopes, diretora do Departamento Brasileiros no Exterior do Itamaraty, houve um movimento de retorno significativo de imigrantes brasileiros desde o início da crise.

Dos EUA a estimativa é que tenham voltado 20% dos imigrantes desde o início da crise, diz Lopes. Eles são 1,2 milhão hoje. As remessas caíram 60% desde 2008.

É gente como Arnaldo Schwartz, 43, que, após 17 anos nos EUA, está voltando para o Brasil. Arnaldo passou todo o tempo "indocumentado", trabalhando como entregador de pizza, de documentos e pintor em Massachusetts. Chegou a ter três empregos ao mesmo tempo.

"Era muito fácil juntar dinheiro, trabalhava cem horas por semana."

Ultimamente, Arnaldo tinha só um emprego, fazendo manutenção em prédios. "Com a crise, estão mais rígidos na exigência de documentos e está mais difícil arrumar trabalho."

"Ao mesmo tempo em que a crise dificultou a vida dos brasileiros nos países desenvolvidos, a percepção de que a economia do Brasil vai bem aumentou", diz Lopes.

GUIA DA VOLTA

Por causa do aumento do movimento de regresso de brasileiros, o Itamaraty lançou até o "Guia de Retorno ao Brasil", para ajudá-los a se reintegrar ao país depois de anos fora.

Do Japão retornou um quarto dos decasséguis, que são hoje cerca de 230 mil. Como consequência, desde 2008, as remessas de brasileiros no Japão caíram 53%.

Humberto Muto, 48, faz parte desse êxodo. Depois de passar 18 anos no Japão, retornou ao Brasil em setembro de 2009, aproveitando a ajuda do governo local para mandar de volta os imigrantes em dificuldade.

Hoje ele trabalha como recepcionista de hotel em Curitiba, mas pensa em voltar ao Japão, onde "foi de tudo", de metalúrgico a caminhoneiro.

"A recolocação no Brasil é difícil. Sou formado em contabilidade, mas não tem como concorrer com 20 anos de desatualização."

Outro grande fator na queda de remessas foi a valorização do real, diz Natasha Bajuk, especialista do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). "Os dólares enviados já não compravam tanta coisa e os brasileiros foram reduzindo seus envios."

O valor das remessas caiu de um pico de US$ 7,373 bilhões em 2006 para US$ 4,044 bilhões em 2010 -os dados do BID são superiores aos do BC por considerar dinheiro que entra no país de forma não declarada.

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