Mercado Aberto
MARIA CRISTINA FRIAS cristina.frias@uol.com.br
Depois de muito investimento no NE, call centers se voltam para São Paulo
Depois de muitos investimentos na região Nordeste, o setor de call center se volta para o Estado de São Paulo, sede de muitas das companhias especializadas no atendimento a clientes.
A Almaviva, que investe R$ 64 milhões apenas neste ano, abrirá com 85% desses aportes dois centros: em agosto, uma segunda operação em Teresina (PI) e, em setembro, uma terceira unidade em Maceió (AL).
Com sete unidades no Nordeste, onde se concentra a maior parte de seus 32 mil funcionários, a empresa avalia que o potencial de atração das cidades nordestinas, para onde também foi a concorrência, começa a se esgotar.
Para 2016, o plano é ter um ou dois novos centros, provavelmente fora daquela região.
"De quatro opções que avaliamos, três são em São Paulo", diz o vice-presidente Francesco Renzetti.
Para o executivo, com o aumento do desemprego no país, qualidades do Sudeste voltam a se sobressair.
"Vamos para áreas com pessoas que foram ou serão demitidas, que tenham universidades, escolas técnicas e pouca presença de concorrentes [que podem dificultar a contratação de mão de obra]. Os Estados estão dando incentivos semelhantes."
Para este ano, a empresa projeta um faturamento superior a R$ 900 milhões -em 2015, foram R$ 700 milhões.
A Investe SP já detectou a demanda de contact centers no Estado.
"As regiões metropolitanas têm esse perfil [para receber call centers], mão de obra qualificada, que pode estar saindo de alguns segmentos, como o do comércio, e buscando recolocação em outra área de serviços", diz Juan Quirós, presidente da agência paulista de promoção.
O executivo afirma que o Estado está para receber novos investimentos do setor, mas que as negociações ainda estão em andamento.
Principais concorrentes no setor: Atento, Contax, AlmavivA, AeC e Tivit
SEM TV NO CARRINHO
Os produtos alimentícios e as bebidas devem manter, neste ano, estável o faturamento da rede catarinense de supermercados Angeloni (a 11ª maior do país).
Se a empresa dependesse do setor de eletrodomésticos, porém, certamente haveria um recuo.
"Quem vendia muito eletrodoméstico está sofrendo mais. O consumidor está reticente de assumir compromissos de longo prazo", diz o presidente da companhia, José Augusto Fretta.
Cerca de 10% da receita dos supermercados do grupo corresponde a esses produtos. Nos primeiros seis meses deste ano, houve queda de 20% na venda deles.
Além de 27 mercados, a empresa tem 24 farmácias e oito postos de combustível. Nesses dois últimos, o desempenho também é estável.
"Nos postos, houve um período mais difícil, com o aumento dos preços. Mas agora essa alta já foi absorvida."
R$ 2,37 BILHÕES foi o faturamento do grupo no ano passado
9.500 é o número de funcionários
4 são as lojas novas projetadas para os próximos anos, duas no PR e duas em SC
ESMALTE E TINTA EM CASA
As vendas de eletrodomésticos nas redes Muffato e Coop caíram cerca de 20%. Neste ano, as duas também garantirão seus resultados graças aos alimentos. No Muffato, a perfumaria é outro segmento que tem colaborado.
"Tivemos uma alta de 15%, nessa área, sobretudo em tintura e esmalte. A mulher parece estar frequentando menos o salão e fazendo esses trabalhos em casa", diz o sócio Ederson Muffato.
As bebidas, porém, recuaram. "A base do ano passado era alta por causa da Copa."
"O consumidor tem feito a substituição de marcas", acrescenta Valdomiro Sanches Bardini, da Coop.
INJEÇÃO EM RECURSOS
Os laboratórios farmacêuticos que fazem parte do grupo Farma Brasil projetam ampliar os investimentos em pesquisa e desenvolvimento neste ano, em relação a 2014.
Entre os dez associados estão Aché, Biolab, Bionovis, Cristália, EMS e Eurofarma.
Até junho deste ano, as empresas investiram, ao todo, cerca de R$ 620 milhões, uma alta de 34% em comparação com os primeiros seis meses do ano anterior.
"Ao mesmo tempo em que ampliaram sua posição no mercado de genéricos e similares, as marcas estão se voltando para o desenvolvimento de novos produtos", diz Reginaldo Arcuri, presidente-executivo da entidade.
"Apesar do quadro de crise, deveremos superar os investimentos neste ano por causa da aprovação do marco legal da biodiversidade e dos novos aportes nos EUA."