Lucro do Itaú cresce, mas crédito encolhe e inadimplência aumenta
Margem maior em empréstimos –propiciada por juros mais altos– e tarifas garantiram resultado
Calotes devem continuar crescendo ao longo do ano; valor de ações das instituições financeiras sofre queda
Maior banco privado brasileiro, o Itaú Unibanco teve lucro líquido de R$ 5,984 bilhões no segundo trimestre, resultado 22,1% maior do que no mesmo período de 2014, apesar da retração no crédito e do aumento dos calotes.
O volume de empréstimos para o consumidor pessoa física do Itaú permaneceu na casa de R$ 187,3 bilhões, tanto no primeiro como no segundo trimestre do ano.
Já os financiamentos para empresas tiveram retração de 3% na comparação com o trimestre anterior –de R$ 304,409 bilhões para R$ 295,384 bilhões.
A retração no volume de financiamentos já tinha aparecido nos resultados do Bradesco e do Santander, especialmente no financiamento para pequenas e médias empresas (veja ao lado).
"O que a gente vê no crédito é um espelho da demanda. Quem queria comprar um veículo repensa ou atrasa essa decisão em razão da maior incerteza sobre se terá emprego. As empresas estão mais renovando os empréstimos, não tem ampliação. A mudança na atividade é para menor necessidade de estoques e de produção", disse Marcelo Kopel, diretor de relações com investidores do Itaú.
Como nos demais bancos privados, o lucro do Itaú foi preservado pelo crescimento de 15,9% da margem de ganho nos empréstimos, fruto do aumento dos juros, em relação ao mesmo período de 2014. A receita de serviços cresceu 9%, e o resultado das aplicações financeiras, 77% nessa comparação.
INADIMPLÊNCIA
Além do crédito fraco, Itaú, Bradesco e Santander tiveram aumento na inadimplência.
No caso do Itaú, os atrasos acima de 90 dias passaram de 3% para 3,3% do primeiro para o segundo trimestre.
Foi a primeira alta dos calotes após 11 trimestres seguidos de redução.
A expectativa é que os atrasos continuem subindo até o final do ano. A tendência é sugerida pelo índice de atrasos entre 15 e 90 dias, considerados uma prévia da inadimplência acima de 90 dias.
No Itaú, os atrasos antes de 90 dias começaram a crescer no primeiro trimestre deste ano e ainda não deram sinais de queda. Do primeiro para o segundo trimestre, passaram de 2,9% para 3%.
A preocupação com os calotes derrubou as ações do Itaú e teve reflexo nos demais bancos. Os papéis preferenciais (sem voto) do Itaú tiveram baixa de 2,41%, enquanto os ordinários (com voto) do BB recuaram 3,55%. As ações preferenciais do Bradesco, que recuaram 3,12% na véspera, subiram 0,12%.