Dúvidas sobre China derrubam ações de Vale e Petrobras
País asiático é grande importador de minério de ferro e de petróleo, cujos preços internacionais também desabaram com medo de crise
O pânico no mercado financeiro derrubou os preços das commodities e levou junto as ações de Petrobras e Vale. O preço do petróleo nos Estados Unidos fechou abaixo dos US$ 40 pela primeira vez desde fevereiro de 2009.
O barril negociado em Nova York caiu 5,5%, para US$ 38,24. Já a cotação Brent, negociada em Londres e que serve como referência para a Petrobras, fechou o pregão cotada a US$ 42,69 por barril, queda de 6,1%.
O barril do tipo Brent se aproxima do piso considerado pela empresa para viabilizar projetos do pré-sal, de US$ 41 por barril.
As ações da estatal chegaram a cair mais de 9% durante o pregão. No fim do dia, os papéis preferenciais (mais negociados) fecharam com queda de 6,51%, a R$ 7,76.
As ações preferenciais da Vale tiveram desempenho pior, fechando o pregão cotadas a R$ 12,38, queda de 7,96%. A mineradora tem na China um de seus principais compradores.
Em um ano, as ações da companhia acumulam queda de 55,3% e, para analistas do mercado financeiro, não há sinais de reversão do cenário no curto prazo.
"O minério caiu de US$ 100 para US$ 45, depois recuperou um pouco. Mas há uma queda de braço no mercado e pode demorar a se recuperar ainda mais", afirma o analista independente Pedro Galdi, do site Whatscall.
Ele se refere ao aumento da produção nos principais países exportadores mesmo em um cenário de preços baixos. No segundo trimestre, por exemplo, a Vale bateu seu recorde de extração de minério para o período, com 85,3 milhões de toneladas.
A avaliação, entre especialistas do setor, é que as grandes mineradoras resistem a cortar produção como estratégia para forçar o fechamento de minas mais caras –em movimento semelhante ao feito pelos grandes produtores mundiais de petróleo.
No segundo trimestre deste ano, a China respondeu por 51,6% da receita com a venda de minério de ferro pela empresa brasileira.
COMPERJ
No Rio, um protesto contra a paralisação das obras do Comperj (o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro) se concentrou diante da sede da Petrobras. O grupo de manifestantes reuniu autoridades municipais, ex-operários do Comperj, sindicalistas e profissionais sem vínculo direto com petróleo, mas que acabaram afetados pelo colapso da economia local.
A obra chegou a ter 35.500 trabalhadores no pico das atividades, em agosto de 2013. Em dezembro de 2014, eram 23.000. Em fevereiro deste ano, 10.600. E, em março, o número caiu para 4.500.