Análise economia do compartilhamento
Novos negócios passam agora por dores de crescimento
Para sobreviver, será preciso elevar custos, para manter a qualidade e a uniformidade dos serviços
A economia do compartilhamento está revelando ser muitas coisas. Entre elas, uma forma de transformar novas áreas em mercados improvisados, de selecionar entre diferentes sistemas regulatórios e de fortalecer uma economia informal que facilita a sonegação de impostos.
Mais que tudo, porém, é uma economia com potencial de ruptura, capaz de deflagrar novas formas de oferta de serviços e produtos.
Nos mercados expostos a essa nova força, o efeito provavelmente será deflacionário, para grande benefício dos consumidores e em detrimento dos fornecedores tradicionais. No momento, porém, ela passa por uma fase de problemas de crescimento.
A reação mundial ao Uber é violenta e estridente, mas forças semelhantes agem de maneira menos visível em outros segmentos. Nos EUA, diversas empresas cederam diante das leis trabalhistas e transformaram seus trabalhadores informais em empregados regulares.
Elas tentaram apresentar a mudança como uma forma de prestar serviços melhores, pois vão treinar e fiscalizar seu pessoal. Mas a realidade é que as multas colocariam todo o seu negócio em risco.
Desdobramentos como esses farão com que as empresas da economia do compartilhamento, por bem ou por mal, pareçam-se mais com outros tipos de companhia.
Em lugar de simples mercados bilaterais que aproximam pessoas que buscam um serviço de pessoas dispostas a prestá-lo, assumirão mais responsabilidade pela prestação desses serviços, contratando empregados e adquirindo ativos no processo.
Para algumas delas, a maioria das supostas vantagens da economia do compartilhamento desaparecerá, com o aumento das pressões regulatórias e judiciais, e seus modelos de negócios passarão a convergir mais com os das empresas tradicionais.
Elas continuarão lutando para estabelecer os efeitos de rede que transformam as plataformas on-line em verdadeiras máquinas de dinheiro.
Mas, para empresas que encontraram uma maneira de oferecer um serviço valioso, as vantagens competitivas podem ser duradouras, ainda que os custos subam com a necessidade de assumir mais responsabilidade por um nível de serviço elevado.
Isso significará prevenir o lado ruim, como comba- ter fraudes ou oferecer seguro para quando as coisas saírem errado.
Como todas as empresas de serviços, elas precisarão realizar bem o difícil trabalho de oferecer uma experiência uniformemente positiva aos seus usuários.
Desde que consigam sobreviver à pressão políticas, empresas como a Uber e a Airbnb tornam possível organizar novas áreas de atividade econômica. Como forma de aproveitar grandes e inexplorados recursos, seu potencial não se reduziu de forma alguma.