Petroleiros iniciam greve por tempo indeterminado na 6ª
Objetivo é pressionar Petrobras a rever processo de venda de ativos, que visa enfrentar crise financeira
Empresa diz estar aberta ao diálogo; paralisações anteriores da categoria não causaram problema ao abastecimento do país
A partir de sexta (4), a Petrobras terá um novo problema para resolver: seus funcionários vão parar. A FUP (Federação Única dos Petroleiros) informou nesta terça (1º) que protocolou na empresa comunicado oficial de greve por tempo indeterminado.
A greve foi aprovada pela federação –que é ligada à CUT e representa 12 sindicatos de funcionários da Petrobras– para pressionar a empresa a rever o processo de venda de ativos para enfrentar a crise financeira.
A Petrobras tem 86 mil empregados diretos e enfrenta sua pior crise, desde que a Operação Lava Jato revelou o rombo causado por sucessivos desvios e derrubou a confiança dos investidores.
De acordo com o coordenador da FUP, José Maria Rangel, a estratégia da greve será definida em reunião na própria sexta. Entre as ações em estudo pela federação, está a paralisação de atividades em plataformas de petróleo e em refinarias. "A ideia de uma greve é imputar algum prejuízo ao capital."
A Petrobras disse que agendou reunião com os representantes da federação para esta quinta (3) para tratar do processo de negociação do acordo coletivo de 2015. Disse ainda que está aberta ao diálogo.
Nas paralisações anteriores da categoria, não houve problemas de abastecimento. A Petrobras tem conseguido responder com planos de contingência para manter as atividades de exploração e refino. Nesses planos, a empresa costuma realocar funcionários para áreas sensíveis.
A mais recente grande greve de petroleiros com impacto, de fato, na economia foi realizada em 1993 e motivada pela expectativa de privatização da companhia.
O novo plano de negócios da estatal prevê a venda de um total de US$ 15,1 bilhões em ativos até o fim de 2016. A estratégia de capitalização inclui a venda de participações em campos de petróleo, gasodutos, distribuidoras de gás e na BR Distribuidora.
O objetivo da Petrobras é reduzir sua dívida –de US$ 120 bilhões– e gerar caixa para investimentos.