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Análise

O bom-senso tem de prevalecer no trato entre proprietários e inquilinos

MARIA INÊS DOLCI
COLUNISTA DA FOLHA

NÃO HÁ COMO ESCAPAR: ESTÁ CADA VEZ MAIS CARO MORAR NAS CIDADES EM PROCESSO DE CRESCIMENTO ECONÔMICO

Não foi surpresa a alta dos preços dos aluguéis em São Paulo em 2011 -18,48% de reajuste nos novos contratos. Afinal, a especulação imobiliária não se contentaria só com a hipervalorização nas vendas das residências.

Quem depende de aluguel tem de ficar atento, pesquisar muito e negociar com proprietários ou imobiliárias. Há argumentos que pesam nessa queda de braço.

Antes de qualquer conversa, verifique os preços dos aluguéis nas imediações. Isso dará base para mostrar ao locador que sua proposta de correção estará no nível médio das disponíveis na área.

Caso o aluguel esteja muito abaixo desse padrão, a negociação terá menor espaço para sua proposta.

Há que considerar que o aluguel não é o único custo de um imóvel. O IPTU e o condomínio pesam cada vez mais no bolso da classe média. Demonstre ao proprietário o valor total de locação.

Além disso, em prédios mais antigos, manutenção, obras, pintura e extras do condomínio também encarecem a moradia. Devem ser listados e apresentados com o valor que se propõe a pagar.

Por último, mas não menos importante, argumente que você é bom pagador, zela pelo imóvel, sem necessidade de discussões nem brigas.

Parece uma observação simples, mas é fundamental nesse tipo de negócio. Mesmo que a lei assegure o pagamento, maus locatários podem atrasar o processo com chicanas judiciais -e assim o dono ficar sem receber.

Apesar de todas considerações, não há como escapar: está cada vez mais caro morar nas cidades brasileiras em processo acelerado de desenvolvimento econômico.

Todos comemoram o fato de o Brasil crescer ao mesmo tempo que outros países, ricos e desenvolvidos, marcam passo e enfrentam crises. Um dos preços a pagar é a falta de infraestrutura para atender os novos consumidores.

Nesses momentos, o bom senso deveria prevalecer sobre a ganância. Afinal, proprietários, crises são cíclicas, e bons relacionamentos, mais importantes que a ânsia pelo lucro imediato.

MARIA INÊS DOLCI, 57, advogada formada pela USP com especialização em business, é especialista em direito do consumidor e coordenadora institucional da ProTeste.

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