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Rodolfo Landim

A Dilma da Petrobras

O mercado financeiro já respondeu positivamente à mudança e as expectativas são muito favoráveis

No próximo dia 13, deverá estar tomando posse na maior companhia brasileira a primeira presidente de sua história. Mas o que esperar dessa mulher à frente de tão complexa e difícil missão?

Maria das Graças Foster, a Graça, como é conhecida pela indústria do petróleo, é engenheira química de formação e ingressou na Petrobras por concurso público.

Trabalhou no centro de pesquisas da companhia, onde organizou e coordenou uma série de projetos de tecnologia ligados a engenharia de poços, fato que fez seu nome ser lembrado para uma missão semelhante na nova e promissora área do gás natural.

No início do ano 2000 entrava em operação o trecho sul do gasoduto Brasil-Bolívia. Com ele, o gás natural chegaria pela primeira vez aos três Estados do Sul do país.

Os compromissos de importação de gás boliviano eram muito grandes, o que sugeria a necessidade de desenvolvimento de novos mercados para o produto.

Entre as iniciativas estava a implantação de projetos de tecnologia aplicada com o envolvimento, além da Petrobras, de indústrias, universidades, centros de tecnologia e empresas estaduais distribuidoras de gás natural.

E foi aí que Dilma, naquela época secretária de energia do Rio Grande do Sul e presidente do conselho de administração da Sulgás, conheceu o trabalho de Graça. Era ela quem coordenava toda essa rede de tecnologia.

Anos mais tarde, quando Dilma assumiu o Ministério das Minas e Energia, convidou Graça para ser a secretária de Petróleo e Gás do Ministério. Depois que Dilma assumiu a chefia da Casa Civil, Graça voltou para o Rio ao ser convidada para ser presidente da Petroquisa.

Pouco depois se tornou presidente da Petrobras Distribuidora, cargo que ocupou até vir a ser diretora de Gás e Energia da Petrobras.

A experiência acumulada é sem dúvida um fator diferencial para Graça. Ela conhece bem a companhia e suas subsidiárias, ajudou a formular as políticas de governo para o setor de petróleo e já interagiu com todos os atores nele envolvidos.

Além disso, o tempo que passou em Brasília não só aumentou a confiança e o respeito de Dilma por seu trabalho como deu a ela maior conhecimento sobre o meio político, algo necessário ao presidente de uma estatal com o impacto na economia nacional que tem a Petrobras.

Certamente existe uma natural identificação entre Dilma e Graça, fruto das semelhanças existentes entre elas. Ambas são extremamente trabalhadoras, têm personalidade forte, gostam de cobrar resultados, possuem um comportamento ético inatacável no tratamento da coisa pública e gostam de manter as duas mãos no volante.

Aliás, essa é uma mudança que provavelmente ocorrerá na gestão da Petrobras. A percepção geral é que cada diretoria da companhia tem trabalhado de forma bastante independente e que algumas práticas visando a atuação da diretoria da companhia como um colegiado, sob a liderança do presidente, vêm sendo pouco exploradas.

A Petrobras passa por um momento em que existe a oportunidade para que seja dado um grande salto de crescimento com o desenvolvimento do pré-sal. Mas isso exigirá foco e clara definição de prioridades, algo impossível de obter sem uma forte coordenação e alinhamento de diretrizes e ações.

Outro aspecto a ressaltar dessa escolha é a indireta demonstração de reconhecimento de Dilma pela qualidade do corpo técnico da Petrobras.

Ao indicar um quadro de carreira para a presidência da empresa, ela estará reforçando a autoestima dos empregados, que verão nesse exemplo a indicação de que não existe limite para a ascensão de funcionários, até mesmo para o posto número 1 da companhia.

O mercado financeiro já respondeu positivamente à mudança e as expectativas são muito favoráveis.

Passado um ano do início do mandato de Dilma, as pesquisas de opinião e o desempenho do país provaram que a presidente estava à altura do seu desafio. Cabe agora dar ao tempo a oportunidade para provar que a "Dilma da Petrobras" também foi uma escolha acertada.

RODOLFO LANDIM, 54, engenheiro civil e de petróleo, é presidente da YXC Oil & Gas e sócio-diretor da Mare Investimentos. Trabalhou na Petrobras, onde, entre outras funções, foi diretor-gerente de exploração e produção e presidente da Petrobras Distribuidora. Escreve, às sextas-feiras, a cada duas semanas, nesta coluna.

AMANHÃ EM MERCADO:
Kátia Abreu

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