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Análise Conjuntura

Mudanças nos preços resultam da precificação das notícias

Desde a crise de 2007, é obrigatório acompanhar em tempo real as decisões que vão sendo tomadas

GERALDO BARROS
ESPECIAL PARA A FOLHA

É dura a vida dos consultores e corretores no seu afã diário de orientar seus clientes e gerar negócios nas Bolsas, inclusive nas de mercados de futuros.

Informações sobre novos eventos no mundo todo são empregadas -valendo-se de experiência, imaginação e muito "feeling"- na tentativa de antecipar as variações nas cotações para que seus clientes possam se reposicionar para auferir o ganho decorrente do eventual acerto na antecipação.

O essencial é saber rapidamente a informação nova e agir antes que ela se difunda no mercado, quando então as cotações se ajustam e a informação fica precificada. Um mesmo evento novo pode precificar-se (afetar a cotação) diferentemente conforme a commodity.

Mesmo nos mercados agropecuários, acompanham-se eventos políticos e macroeconômicos, andamento dos fluxos comerciais e mudanças nas forças de mercado (demanda, oferta, estoques, insumos), questões tecnológicas e climáticas, desenvolvimento das safras com suas constantes previsões e revisões das muitas instituições do ramo: Usda, FAO etc.

Desde a crise financeira de 2007, é obrigatório acompanhar em tempo real as decisões que vão sendo tomadas pelos governos, nas reuniões de cúpula e pelos bancos centrais, bem como as reações de bancos, investidores, agências de avaliação de risco.

A Grécia vai se recuperar ou quebrar e deixar o euro obrigada ou voluntariamente? Qual a extensão do efeito dominó que isso provocaria? As tensões no Oriente Médio poderão levar a aumentos no petróleo, com efeitos sobre as demais commodities? E a China? Haverá um pouso suave ou forte e abrupto?

Cada mudança nas primárias americanas pode mudar as expectativas de preço de uma ou outra commodity. Julga-se, aliás, que os principais concorrentes, assim como o próprio Obama, são favoráveis ao etanol de milho.

Acompanhar o vaivém das chuvas ou das secas, do frio ou do calor em regiões do Brasil e da Argentina e também da Austrália e da Rússia, entre tantas outras, tem tomado o tempo dos consultores no mundo todo pelo impacto potencial na produção de grãos e outros produtos.

Em um ambiente de baixos estoques, o mercado é muito sensível a essas informações.

De concreto, o que as pesquisas indicam é que mudanças importantes nas cotações nas Bolsas de futuros são precedidas por alguma inovação informacional -algum evento inesperado. Nesses períodos tende a haver aumentos na volatilidade e no volume de negócios.

Mas é difícil prever se determinada informação nova vai provocar mudanças importantes nas cotações.

Resta aos consultores e corretores oferecer e interpretar o máximo possível de informações novas e esperar que algumas resultem em convicção dos seus clientes quanto à relevância das mesmas para que decidam alterar posições no mercado.

Se essas convicções estavam ou não corretas -ou seja, se foram compartilhadas pela maioria dos agentes-, somente se saberá quando os ganhos ou perdas já tiverem se consumado.

GERALDO BARROS é professor titular da Esalq-USP e coordenador científico do Cepea-Esalq-USP.

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