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Análise

Leilão aponta o vencedor, não necessariamente o operador

A confusão nasce da ânsia do governo de criar competição, ter tarifa reduzida e dar feição privada aos consórcios

AGNALDO BRITO
DE SÃO PAULO

Entregar projetos gigantes e complexos para empresas que não têm estofo para assumi-los não é novidade em concorrências comandadas pela presidente Dilma.

No polêmico leilão da usina hidrelétrica de Belo Monte, que está sendo erguida no rio Xingu, no Estado do Pará, a história foi exatamente essa.

Horas depois do fim do leilão, naquele 20 abril de 2010, a Queiroz Galvão -participante do consórcio- relatou o interesse em deixar o grupo. Não foi a única.

Nos meses seguintes, outras empresas do consórcio também desistiram de participar do investimento.

Além da Queiroz Galvão, saíram da sociedade: OAS, Cetenco, Galvão Engenharia, Mendes Júnior, Serveng, J. Malucelli Construtora e as empresas do Grupo Bertin -Gaia Energia e a Contern.

À época, o Grupo Bertin já estava enroscado com um punhado de projetos termelétricos assumidos após leilões do governo, sem que tivesse conseguido operá-los.

O DNA dessa confusão nasce de uma ânsia do governo: a de criar competição, ter tarifa reduzida e dar feição privada aos consórcios. A meta pode ser justa, mas as encrencas pululam.

Depois que Camargo Corrêa e Odebrecht declinaram da intenção de disputar Belo Monte, o governo mobilizou a Eletrobras para a formação de um consórcio com quem quisesse.

A meta era pôr em pé uma oferta para disputar com o único grupo que ficou na briga, o Consórcio Belo Monte Energia, formado por Andrade Gutierrez, Vale e Neoenergia -que foi derrotado.

Reorganizar o consórcio fragmentado e transformá-lo numa sociedade não foi fácil.

A participação das empresas que deixaram o consórcio vencedor foi distribuída, o que resultou na entrada das ex-adversárias Vale (após a saída de Roger Agnelli da presidência da empresa) e Neoenergia, empresa controlada pela Previ -fundo de pensão do Banco do Brasil.

A conclusão: quem vence leilão no Brasil pode não ser exatamente quem vai tocar o negócio.

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