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Startup brasileira atrai capital estrangeiro

País é visto como a bola da vez no Vale do Silício, segundo empreendedor que recebeu aporte de fundo daquela região

Para Florian Otto, que preside o Groupon no Brasil, fundos americanos estão atrás de empresas daqui

NELSON DE SÁ
ARTICULISTA DA FOLHA

Juliano Ipólito abriu o portal de artesanato Elo7 no quarto de seu apartamento em Campinas, em 2008. "Eu mesmo fiz o site." Formado em computação pela Universidade Federal de São Carlos, sua vocação é internet. "Gosto muito, sei fazer bem."

Em outubro, após resistir meio ano, aceitou um aporte de "venture capital" (capital semente) do fundo Accel, do Vale do Silício, e do brasileiro Monashees. "Foram eles que chegaram na gente. Foi surpresa. O Brasil é considerado a bola da vez no Vale do Silício."

Agora com 65 mil lojas (artesãos) e 6 milhões de visitantes por mês, diz que segue ouvindo propostas "praticamente todo dia" e vê "um boom de startups" (empresas iniciantes) no país.

Também o alemão Florian Otto, que preside o Groupon no Brasil e é investidor individual de capital semente, diz receber "ligações quase todo dia de algum investidor que quer startups no Brasil". Em dezembro, Otto entrou com o mesmo Accel no Kekanto, site de avaliação de serviços.

"O Brasil é um dos mercados de startups que mais crescem no mundo", diz ele.

"Muitos outros, na verdade todos os maiores fundos americanos" estão atrás de startups no país. Lista Redpoint, BB Capital, Tiger Global, General Atlantic e Decima Capital. Ele próprio tem mais duas em vista. "Mas não estou divulgando nomes."

Adalberto Brandão, executivo-chefe de operações (COO) do GVcepe, o Centro de Pesquisas em Private Equity e Venture Capital da FGV, que realiza uma pesquisa sobre o setor, também vê um boom de startups, "sem dúvida".

Em 2011, "vários gestores vieram para o país", estabelecendo-se "diretamente" ou através de joint ventures, "caso do Ted Rogers com o [fundo brasileiro] Arpex".

"Para você ter uma ideia, 11 aceleradoras surgiram em 2011", diz ele, sobre os investidores chamados de anjos.

"São executivos bem-sucedidos, com experiência, que pegam uma empresa nascente bem no início e dão assistência, até espaço, fazendo com que se desenvolvam em meses para começar a operacionalização com boa noção de produto, gestão dos processos, comercial."

DINHEIRO NÃO FALTA

A startup com maior atenção externa, tema de reportagens no "New York Times" e no "Wall Street Journal" nas últimas semanas, é o Peixe Urbano, criado em 2010.

Em janeiro, anunciou nova capitalização, agora com recursos de Morgan Stanley e T. Rowe Price, fundos de "private equity" (participação em empresas), que fazem aportes maiores do que os fundos de capital semente.

"Dinheiro externo não falta", diz Júlio Vasconcellos, presidente-executivo da startup. "O pessoal lá quer muito investir no Brasil e só está esperando as empresas certas serem montadas. Quando a gente começou, havia poucas. Era coisa nova. Hoje são dezenas de boas startups."

O novo aporte é para "acelerar pesquisa, desenvolvimento de software" e "evoluir, aliar outras coisas" ao modelo de compras.

A revista "Economist" programou para maio, no Rio, o evento "Brazil Innovation: A revolution for the 21st century" (Inovação Brasil: Uma revolução para o século 21).

Com participantes como Emerson Andrade, do mesmo Peixe Urbano, e Eric Archer, do Monashees, vai focar startups estimuladas por capital privado.

Robert Bender, gestor do Criatec, fundo de R$ 100 milhões de capital semente do BNDES, e membro do comitê de inovação da ABVCAP (Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital), diz que "a melhor evidência de que está havendo muita atividade na área é exatamente a nossa carteira", com 36 investimentos em startups em quatro anos, "todas com inovações em tecnologia".

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